lunes, 15 de noviembre de 2010

Meu momento

To live in this world

you must be able

to do three things:

to love what is mortal;

to hold it

against your bones knowing

your own life depends on it;

and, when the time comes to let it go,

to let it go.

Mary Oliver.

viernes, 12 de noviembre de 2010

A insustentavel leveza do ser

Eu quando fiz o caminho de Santiago, vi várias pessoas sofrendo, cheia de bolhas gigantes, caibras que nao deixam as pessoas ficarem de pé, gente com pé sangrando... Ouvi a freirinha falar numa das missas que é através do sofrimento que se cresce. Cutuquei quem tava do meu lado e perguntei porque nao podemos crescer através do amor? Porque tem que ser através do sofrimento?

Hoje, depois de uma fase absolutamente feliz me vejo fazendo o mesmo questionamento. Hoje entendo um pouco melhor. Outro dia ouvi aquela música With or without you do U2. Toda vez que eu ouvia, eu me sentia um pouco triste. E nesse dia eu nao senti nada. Entao entendi um pouco sobre os sentimentos bons e os ruins. Tristeza, sofrimento, preocupação, ódio, raiva e tantos outros são sentimentos pesados e fortes que estranhamente se fazem sentir muito mais no corpo. Essa sensação te faz sentir mais vivo, o sangue corre mais rápido ou tem o peso no coração ou a dor que te aperta, que te angustia. E isso vicia. E como todo vício, vc realimenta e reforça esses sentimentos para continuar se sentindo vivo.

Sentimentos de amor, de felicidade, de prazer são leves. Não fazem o coração bater rápido, não dá peso no coração, enfim não te provoca nada forte. E ai entendo que não aprendemos a apreciar o prazer de se caminhar leve.  E entendo o papel do sofrimento. É só depois que vc passa por algo difícil, por situações extremas que vc entende que é melhor viver sem o peso. E quando vc supera os obstáculos, vêm a sensação de superação, que é um sentimento forte, mas não ruim.

Então, porque não aprendemos a apreciar o valor dos sentimentos leves? São nobres mas leves. Hoje entendo melhor o porque da meditação. Meditar é aprender a entender o valor da quietude, sair do vício dos sentimentos pesados e se sentir pleno e feliz com ar, ou seja, com a leveza. Eu li algumas vezes o livro A Insustentável Leveza do Ser. Hoje entendo melhor o que isso significa. O ser pode ser leve mas quantos querem e sabem apreciar a leveza? De tão viciados nos sentimentos fortes, nao entendem o valor da leveza.

Lembro que uma vez eu fui num show da Maria Rita, ela estava grávida na época, fez o show descalça e de barrigão. Linda. E no começo do show ela falou uma coisa que nunca esqueci. Ela disse que a mãe morreu quando ela era pequena então ela se lembrava de ter visto um video onde uma reporter pergunta o que a Elis Regina esperaria da filha. Ela, Maria Rita, só entendeu o que a mãe falou agora, na plenitude da carreira e da gravidez. A Elis respondeu: eu desejo que ela possa caminhar levemente na vida. 

Sábia Elis.

sábado, 6 de noviembre de 2010

O vento. De novo

A vida é estranha. E me prega peças. Quantas vezes eu encostei na janela e rezei para o vento vir e me levar. Hoje ele tá batendo na janela. Eu me agarro, me seguro, nao quero ir de jeito nenhum. Mas ele insiste e vai levando tudo aquilo onde eu tento me segurar.

Uns dizem que tenho que "let it go", outros "give your best, try hard". O meu coração? Sei lá. Juro que eu tento, mas eu não sei escutar. Qdo acho que to seguindo ele, bomba! Talvez seja hora de fazer o contrário, ir de encontro ao que me assusta.  Ou "entrar de gaiato num navio" e acordar no Tahiti.

Life is not easy. Mas vivo cada minuto. Cada emoção. A Lilica me chama de Menina Borboleta "linda, leve e que gosta de sair voando e voando" :)

Talvez seja hora de de mudar. De falar para o vento que não precisa me levar. Porque eu sei o meu caminho. Só preciso descobrir antes!

lunes, 9 de agosto de 2010

Grande coisa, sim! Obrigada.

De tempos em tempos surgem umas expressões que cai na boca do povo. Nessa hora eu sou bem conservadora, acho a maioria delas um horror! Aquelas do tipo "fala ai, fala sério, tá ligado, tipo assim, na moral.... E as palavras novas? Tipo namorido, quase tive um ataque quando ouvi isso pela primeira vez, achei um horror porque para mim significa que nao é nem namorado e nem marido até que me explicaram que era o contrário, é romântico porque é o namorado que também é marido, ou o marido que também é namorado... Ah tá! Continuo achando um horror e coisa de gente que não sabe o que quer na vida!

Mas ultimamente eu ando pensando numa outra expressão. Lembram que teve uma época que se falava "grande coisa!"com um tom de deboche e significando exatamente o contrário? Eu tenho uma amiga na IBM que me ligou um dia e qdo eu atendi e falei meu nome ouvi isso "grande coisa!". Não tive dúvidas, respondi "obrigada!" resolvi levar ao pé da letra e aceitar o elogio. Bom, ela repetiu isso em várias outras ligações e eu passei a gostar do elogio e agradecia sempre e a gente sempre acabava, aliás, começavamos a ligação rindo.

Eu guardei uma outra coisa na minha memória dessa expressão. Um dia estávamos eu,  a Ka (Karen querida!! mil saudades)  e mais alguém, que nao lembro quem era, conversando. E de repente a Ka vira e fala assim: "a Ju se acha grande coisa". Com a Ka nunca se sabe o que vêm, ainda mais naquela época, quando ela era meio rebelde meio anarquista, possuidora de uma crítica mordaz que só as pessoas muito rápidas e inteligentes conseguem ter... confesso que gelei, ai vêm, pensei.  E não é que ela docemente, vira e fala "e ela tá é mais do que certa!" Ufa! escapei da mira mordaz. 

Porque ando pensando nisso? Porque venho me sentindo assim. Venho me sentido uma "grande coisa" mas não no sentido contrário, mas sim no sentido literal. Ando me sentindo absolutamente feliz, importante, amada, respeitada, admirada. E isso faz com eu me ache linda, inteligente, capaz. E vejo isso todas as vezes que olho nos olhos do Jeff. Sinto o amor que ele tem por mim, sinto a admiração que ele tem por mim, sinto o respeito e o carinho. E finalmente entendo porque fiquei tanto tempo solteira, era isso que eu procurava, alguém que eu respeito e admiro e vice-versa. Eu sei que ele sente orgulho de me ter. Entendo que esses são os pilares de um relacionamento saudável, sentimentos positivios, que fazem ambas as partes crescerem. 

Hoje parece fácil falar e entender isso. Não foi assim no passado. Quantas vezes não me senti a última pessoa no mundo porque o telefone não tocou, ou "ah... viagem de trabalho", "tenho muito trabalho", "vou estar muito ocupado", "já to com viagem marcada" e no fim ficava sozinha em casa, ou me enchendo de atividades para não ficar sozinha em casa...

O Jeff trabalha muito e dedica longas horas a empresa. Ele tem um sonho, quer fazer essa empresa acontecer. Levanta de madrugada, trabalha nos fins de semana e é só eu virar as costas que ele volta para o micro ou fica no blackberry. Mas nunca me fez sentir sozinha. E me faz entender que tudo isso que ele faz hoje é para o nosso futuro. E em cada sonho que ele tem, em cada desejo que ele tem, eu to lá. Hoje os sonhos dele são os meus sonhos. Os desejos dele são os meus desejos. São simples desejos de estarmos juntos, bem e felizes. Claro que tem mais.  Mas eu amo essa base, o resto, o resto vêm. 

Portanto, somos todos "grande coisa" sim! Resta encontrar aqueles que sabem reconhecer isso. Começa com a gente mesmo, começa com a nossa auto-estima. E "pernas para que te quero" de quem não acha o mesmo!

sábado, 7 de agosto de 2010

Girls

Hoje sentei ali na beira da piscina e fiquei vendo a noite cair devagarzinho, levei o restinho da minha taça de vinho e fiquei vendo os tons de laranja tornarem-se escuros, ouvindo o silencio da noite e olhando aquela água azulzinha. Que paz! E foi com um sorrinho no rosto que fiquei lembrando de um riso infantil, feliz e vibrante.

Devagarzinho comecei a pensar nas coincidencias dessa semana. Ontem, no fim da tarde, fui dar uma nadadinha e veio duas senhoras com um bebê de colo. Enqto eu nadava, uma delas trouxe o bebê até a beirada e molhou os pézinhos dela. Ela riu feliz. Eu parei olhei para ela e disse algo como: uau ela gosta de água. Ai a senhora, num ingles carregado perguntou: “do you want to take her?” Eu tava tão distraída que entendi algo como: “gostou? Quer levar pra casa?”, achei engraçado e respondi na brincadeira: “claro”. No segundo seguinte ela tirou a roupa da menina, a fralda e me entregou um bebê fofo, nu e toda rechonchuda… fiquei só pensando "ai que mulher doida” e ”bebê, pelo amor de deus, não escorrega”. Ela escorregou pro meu colo, foi pra dentro da água e gargalhava feliz. Batia perninhas e bracinhos numa felicidade só.  Ela se chama Emma, a doida é a avó e foi uma delicia ver aquela coisa “gotosa” se divertir na água. A doida saiu e trouxe o pai, que me vendo com a fofa dele deu meia volta e voltou de maiô. Acho que eles não quiseram me incomodar mas eu me diverti muito com a pequena Emma. Tem gente que sabe ser feliz.  Logo depois chegou uma mulher com um bebê do tamanho da Emma e que esperneou e chorou ao entrar na água. Enqto isso a Emma ria feliz com o pai.

E ali naquele finalzinho de tarde, lembrei que no domingo passado, enqto eu estava sentada no parque que tem aqui em frente, chegou um bebê maiorzinho, veio andando na minha direçao e parou na minha frente. Fofa, pretinha, gorducha, gracinha. E começou a puxar a minha canga vermelha onde eu estava sentada. Falei assim pra ela “no, if you want, you can seat”. Ela nao se fez de rogada, virou o bumbum pra mim e sentou no meu colo. Fiquei olhando pro Jeff, ele olhou pra mim, e começamos a rir. Perguntei assim pra menina “where is momy?” acho que fiquei nervosa de ver aquela menina sozinha, sentada no meu colo. Nesse país de louco, fiquei com medo de alguém me acusar de sequestro!

Finalmente achei a mãe, olhando pra gente e achando a maior graça. Ainda bem!

E lembrei com saudades das meninas da minha vida. A pequena Isabela, que vi umas duas vezes qdo era bebê e um dia, no niver do Kiko, senti alguém me abraçando por trás. Virei e vi uma menina linda, de cabelos longos e olhos lindos me sorrindo com os olhos , lábios e coração como só as crianças sabem sorrir. Vergonhosamente não sabia quem era. Nunca soube se ela me confundiu com alguém, ou sei lá o que foi. Nos niver seguintes do Kiko, ela vinha correndo pro meu colo, linda! Tentei acho que no segundo ano sair com ela, fui jantar na casa da Mariaeliza que na época era minha vizinha ali no alto de Pinheiros. Ela tava lá, princesa como só ela sabe ser. Infelizmente perdi contato, soube que hoje ela virou uma menina difícil mas eu tenho uma saudade dessa menina que veio tão de coração aberto me abraçar. Eu quero realmente encontra-la novamente, quem sabe na minha próxima ida pro Brasil eu possa ser abençoada em vê-la novamente.

E outra é a Paula, sobrinha do Manu, lá na Espanha. Se tenho saudades de algo na Espanha é dessa menina linda e que conheci banguelinha. Fiz massagem nela uma vez e nunca mais paramos. Toda vez que nos encontrávamos, ela pedia para eu fazer nela. Ela falava assim algo assim  “me ensina? Quero fazer que nem vc” e a avó dela comentava que ela podia dar uma boa fisioterapeuta. 6 anos! Que graça. Ela tb me surpreendeu, eu a tinha visto umas duas vezes (ou sera que foi uma?) antes de eu voltar para a Espanha em dez de 2008. Qdo chegamos na casa da Choli era só para pegar uma caixa de ferramentas então eu nem subi. A Choli desceu para me dizer que a Paula estava doente e havia pedido para que eu subisse para falar com ela.

Não dá para não falar da Nat, Natashinha... Quando a Clau correu para o hospital para dar a luz ao Nico, eu fiquei com a missão de cuidar da Nat. Peguei a gatinha, fui pra IBM buscar meu micro e avisar que ia tirar o dia off. Foi só entrar no andar que todo mundo foi parando para ver aquela menina linda, de olhos luminosos, cabelos cachedos, me senti a tia mais orgulhosa do mundo. E quando deixei ela sentadinha na minha mesa, aquele povo todo olhando para ela, ela um pouco assustada vira pra mim e fala em alto e em bom tom "tia Ju, eu amo você"! Ah, priceless...


Meninas… adoro meninas. Acho que são de uma suavidade linda e tão de coração aberto! Um dia quero ter uma. Confesso que hoje deu vontade. 



domingo, 9 de mayo de 2010

You are the princess in my fairy tale

"Judit,

What can I say? You came into my life and captured my admiration from the moment I first saw you. And with every moment we share together my feelings and love for you grow ever stronger. This time together has been amazing and confirmed everything I imagined – being together would be for us.

As you take your journey back home, know that we will soon be together again. Our love and passion, our kind love, is only the beginning. I love you with all my heart. Have a safe trip home. My heart will be here waiting for your return. You are my princess.

All my love,

Jeff "

Dois meses em LA, hora de voltar. Cinco horas no aeroporto de Miami. Tédio mortal e resolvo fuçar minhas coisas em busca de algo para comer. Encontro um cartão, em papel rosa e fechado. Abro. 

O coração se enche de felicidade. O sorriso vem fácil. O tempo passa e já não me importo mais com nada.

Caminhar a dois

É mais do que sexo. É mais do que amor. É conforto de alma. Foi isso que eu senti. É isso que sinto. Se traduz em companhia, em bem querer, em gestos, em palavras, em ações.

Não tem jogos nem outros interesses, nem vários interesses. É coração aberto.

Quando vc conhece alguém e quer cada vez mais mergulhar na pessoa, conhecer sua linha da vida e seus sonhos. É sonhar junto e fazer planos para o futuro. Acima de tudo, é querer fazer alguém feliz. Retribuir.

Como tem que ser a vida, dar, receber, agradecer. São os ciclos completos.

Só posso agradecer. Como disse a Clau em algum momento desse blog: um dia as coisas encaixam. Encaixou e faz sentido.

Eu tenho hoje uma ânsia suave e feliz de viver as coisas a dois. Esse é um novo capítulo na minha vida. Fácil?

De certa forma, todas as decisões que tomei na minha vida, eu tomei sozinha.

Um dia eu quis entrar na GV porque a balconista do cursinho falou que era a melhor faculdade de administração da America Latina. Eu nunca tinha ouvido falar antes. Não conhecia ninguém que fez ou fazia. Não conhecia ninguém que ia prestar. E quando entrei, briguei em casa para poder cursar.

Eu fiz o caminho de Santiago sozinha. Não conhecia ninguém que fez, descobri na internet. Sai de Saint Jean Piedad de Port, que li que era considerado o começo do caminho. Tudo que li na internet falava em ir de taxi até lá. Fui até a estação de trem e o bilheteiro, depois de consultar vários roteiros, me ensinou a ir de trem. Em espanhol! De lá, andei até Finisterra, foram quase 800 kms.

Eu pedi demissão de um bom emprego numa boa empresa. Devolvi o carro da empresa, abri mão de um bom salário, de um bom plano medico e um bom plano de aposentadoria. Ouvi em alto e bom tom, de gente que eu respeito, que eu estava jogando fora uma carreira muito bem sucedida e em troca do que?

Fui para a Espanha de mala e cuia, ver se o meu relacionamento era amor ou amizade. Não tinha uma amiga, nem um parente morando lá. E entendi que era amizade. Não quis ficar, fui pro mundo. Brazil, Argentina, California, centro budista.

Entrei na internet e comprei uma passagem para a Tailandia. Peguei um avião até Chian Mai com um nome de um professor de massagem tailandesa. Só com o nome dele, alias escrito errado. Sem endereço, sem telefone. Até que achei o site, em tailandês e descobrir que ele morava fora da cidade, numa chácara. De lá fui para o Camboja e de lá para o Vietna.

Ouvi várias vezes nesses últimos tempos que eu tenho muita coragem. Eu não sei se é coragem. Talvez seja o contrário, seja o meu pavor de me tornar um ser triste, acomodado e deprimido. Somente sentia que não podia ficar onde estava, que tinha que fazer algo, que tinha que me mover, seguir em frente. Sempre me achei um ser feliz, mas faltava algo, faltava paz de espírito, faltava o conforto da alma.

Ouvi algumas vezes que sou cabeça dura, que tomo minhas decisões sozinhas e faço o que eu bem entendo. Pode ser. Algo me toca, me empurra, me diz que o mundo é maior do que posso imaginar.

E mesmo com todo esse caminhar sozinha, hoje anseio em viver a dois. Porque hoje sinto que me entrego, que baixo a guarda, que respiro aliviada e sei que tem dois braços para me confortar, alguém para caminhar comigo e dividir pesos e decisões. Portanto, não tenho dúvidas que é muito mais fácil.

Mas o que eu quero, acima de tudo, é dividir bons momentos. Como os que vivi nesses dois meses na minha volta a California. A lista é longa. Longa e linda.

Ele se chama Jeff. Welcome to my life, Babe.