jueves, 31 de diciembre de 2009

Amigo não tem preço

Eu não sei há quantos anos eu conheço o  Ma (Marcel), como dizem “bota ano aí” mas sei que a gente se deu bem desde o começo.



Somos parecidos em algumas coisas, mas completamente diferentes e opostos em outras coisas. Dois amantes da liberdade, dois amantes do viver bem (e isso pode ser bem abrangente), dois seres absolutamente racionais. Eu já fui bem cética, como ele, hoje nem tanto. De certa forma, procuro o lado espiritual e ele, depois de tantos anos de convivência, acho que tá mudando também. Não que eu seja responsável, afinal creio que somos responsáveis pelo que somos e fazemos mas é que eu mantenho meu olho nele e tenho visto mudanças sim.  Mudança é bom, creio nisso. Creio que mudamos a cada instante, que tomamos decisões a cada instante, mesmo que seja para decidir que não queremos mudar. O ato de acordar, tomar banho, café e seguir para o trabalho é um ato mecânico? Ou é uma decisão que vc toma diariamente? Consciente ou inconsciente? Vcs sabem a minha opinião.

De qualquer forma, juntos tomamos vinho. Na balada eu bebo água, ele bebe whisky. Eu sou desligada, ele é metódico e juro que eu tento aprender um pouco disso. Ainda não consigo encontrar minhas chaves sempre mas quando encontro na primeira tentativa, porque pus no lugar certo, lembro dele, que me ensinou essa regra básica mas que eu não sou muito ah…seguidora?! Ou que não consigo incorporar conscientemente?! Sei lá… Eu acordo cedo no finde, vou correr, ele acorda “sabe Deus lá que horas”. Eu sou pontual, ele chega na hora dele (e isso pode ser bem abrangente). Eu nunca entrei no Par Perfeito (ainda) e ele é… ah … presença constante?! Adoramos o Iphone, eu porque é só apertar os iconezinhos, ele porque acha um belo gadget tecnológico.

E o Ma, mais do que fofo, foi o meu Papai Noel desse Natal. Eu só queria uma tvzinha, porque quando eu aluguei o meu apê, doei a minha para os meus pais e nesse meu retorno, precisava de uma telinha, qualquer uma e como sei que o parque tecnológico do Ma é grande, pedi uma emprestada.  Ou para comprar mesmo já que se eu for alugar novamente, é sempre bom ter uma já que alugo mobiliado. E não é que ele chega de malinha e caixa na mão e me faz sentir a própria criança em noite de Natal?

Pois bem, a tv que chegou é uma telinha fofa, dessas fininhas (pela linguaguem vcs já devem ter visto que entendo tudo ne?),  não sei se é LCD ou plasma mas também não me faz a menor diferença. E da malinha, tirou uma máquina de café expresso. Pensam que é só isso? Ele sabe que to voltando então ele trouxe o kit completo. Café Astro! Com direito a um pote e colherzinha. Açucar em envelopinho! Sim, eu tomo com açúcar (odeio esse veneno que chamam de adoçante) mas consumo muito pouco no geral. E trouxe xícaras também! Não é o máximo?? !!

Saco de papai noel é sempre surpresa né? Ainda saiu um toca cd, desses de cabeceira, design ultra moderno, Segundo ele “para vc ouvir suas músicas para dormir". E para acordar! Eu adoro despertar com música.

Agora, depois de passar a noite assistindo CSI na minha tv nova, ler meu livro ouvindo música, acordar com a música tocando baixinho e finalmente conseguir apertar os botões certos e fazer essa máquina despejar café, daqueles que saem com espuminha em cima, to aqui, toda feliz de ter esse amigo super especial que eu amo de  paixão. É como aquela propaganda, “precisar não precisa” mas tudo isso é bom demais.

Obrigada, querido. Por tudo. Por estar sempre presente. Por se preocupar. Por sempre ter a paciência gigantesca de ouvir e responder minhas perguntas sobre tecnologia e de muitas outras coisas. Por me fazer entender melhor o universo masculino. Pelo apoio, pelas risadas e companhia em todos os momentos da minha vida, sejam eles bons, tristes, difíceis ou fáceis.

De volta ao Brasil, jornada de um ano


Sair do avião e sentir o calorzinho, ah como  é bom voltar! Eu não tenho vontade hoje de continuar morando em Sampa mas estar de volta é muito bom.

Voltei para o niver da minha outra irmã, a Julia, exatamente um ano depois de ir morar fora. Muita coisa aconteceu nesse ano, esse blog acompanhou esse ano.  

Fui acolhida na minha volta pela Deia e pelo Ale (Lê), tratamento de rainha na casa deles, dá até vontade de ir ficando... Hora de voltar para o meu apê agora, coisas da vida né? Quando decido voltar, eles (os inquilinos) decidem sair. Pensamento imediato, “volto para casa". Segundo pensamento, “preciso começar a fazer dinheiro”.” Depois do Ano Novo eu penso nisso.

Vou aos pouquinhos recuperando os horários. Na primeira semana acordava as 9:00, o que para mim é bem tarde. Faz muito tempo que não assisto tv, pois bem passei uns dias sozinha, pus no Universal Channel e não consegui sair da frente da tv… Law and Order, Law and Order Special Unit, Three Rivers, Brothers and Sisters, The Good Wife, House… que loucura, fiquei umas cinco horas por dia, assistindo direto.

Antes voltava de ferias e já era jogada na rotina louca da vida e dessa cidade... Me adaptar lentamente ao fuso, é um luxo! De certa forma, sigo apreciando a vida.

Back to LA - Juliet's party

Voltei só para o aniversário da minha irmã, Julieta. Acabei tendo novos encontros e quem sabe novas oportunidades para explorar em 2010. Últimas compras, malas lotadas. Fiquei menos de 5 dias. Mas quis muito voltar para o niver da minha irmã. Ela mora lá há uns 18 anos, eu acho. O que significa que faz esse tempo todo que eu não passo o niver dela com ela. Merece certo?

Maninha, a festa foi linda. Vc é linda e um ser humano maravilhoso. Foi um prazer ficar com vc esses meses todos, entre idas e vindas. Obrigada pelo carinho, pela acolhida, pela ajuda e pelo amor.




Última parada: Hue

Hue é mais distante, meia equipe foi de trem e a outra metade foi com o Dr Chin, acho que deu umas 3 horas de carro de Hoi An. Eu fui de carro, não tinha passagem porque decidi ficar mais quatro dias no último minuto. Adiei minha volta, paguei uma multa de 125 dólares e aproveitei para mudar meu vôo saindo de HCM City em vez de Bangkok, economizei um trecho de viagem mas deu muito trabalho adiar... mas quis ficar mais, conhecer Hoi An e Hue e estava bem feliz em estar com Wheels então fui ficando. E o David incentivou, tanto que ligou lá na Korean Airlines e disse para eles que eu estava internada no hospital com intoxicação alimentar... pode? Bom, eu achei divertido e funcionou, só me cobraram uma alteração, em vez de duas. 

Mas vamos falar de Hue, cidade localizada bem no meio do Vietnã, já foi a capital do país e era onde moravam os imperadores da dinastia Nguyen. Aliás, acho que todo mundo lá tem esse sobrenome. Tem um rio enorme com o bonito nome de Perfume River, a cidade do emperador chamada Citadel e umas ruínas antigas, assim como vários templos e tumbas. Eu não consegui fazer tudo, tive que ir embora para poder chegar em LA a tempo para o aniversário da minha irmã. Mas adorei tudo que conheci.

A Citadel é linda, uma cidade mesmo, que foi quase que totalmente destrúida na Guerra do Vietnã mas eles estão fazendo um bom trabalho de reconstrução. É um belíssimo passeio, para se fazer com calma.





E um passeio pelo Perfume River também não pode faltar, fechamos com um barco local de um casal e eles nos levaram pelo rio, parando nos templos. Um passeio lindo. E o bom de estar acompanhada, tudo é dividido, fazemos tudo de taxi (quase não andei a pé!) e eles tem um senso de direção muito melhor que o meu (o que não é difícil tb) o que significa que nem preciso ficar preocupada em ver os mapas e guias. Ufa! Bem melhor.



Linda cidade. Belíssimo pôr do sol. Enfim, amei o Vietnã. Acho que fui sem muitas expectativas e adorei tudo (menos o buzinaço das motos), quem diria que a comida é ótima, que seda não custa nada, que o artesanato local (quadros, bolsas, pinturas...) é maravilhoso, que as cidades são lindas e além disso tudo, vc é super bem tratado e o país é extremamente seguro???!! Amei. Esqueci de dizer que também é barato!  Fiquei triste de não fazer outras cidades, várias me foram sugeridas, mas eu não tive tempo mesmo. Eu tenho certeza que ainda volto, então, fica para a próxima viagem!
 

domingo, 27 de diciembre de 2009

Hoi An - êta cidade charmosinha

Eu já tô no Brasil faz tempo mas não quero falar daqui sem fechar rapidinho minha viagem para a Ásia. Então, brevemente quero falar de Hoi An e Huén, do ponto de vista turístico.

Hoi An é uma cidadezinha que foi um grande centro mercador na antiguidade (sec XV ao sec XVII) e sofreu um grande declínio quando o comércio foi transferido para Da Nang (que é pertinho, fomos de carro mas acho que de taxi não deve custar mais do que 10 dólares). E talvez até esteja ai a sorte para ela hoje, porque com o declínio ela não foi uma cidade atacada na guerra, mantendo o seu estilo e suas casinhas típicas. É uma cidade tombada pela Unesco e conhecida como uma cidade de artistas. Claro que é uma cidade turística mas bem pacata.

Andar a noite é uma delícia, toda iluminada por lanternas vermelhas, cheia de lojinha de artesanato e pinturas, ótimo lugar para fazer roupas de seda sobre medida e sapatos também. E o bom é que o centro é fechado para o tráfego, o que significa um silêncio maravilhoso, sem aquele enlouquecedor barulho de buzina que tem pela Ásia.

Andando pela cidade, descobrimos um restaurante maravilhoso, chamado Cafe 96, na frente do rio, com um aspecto caído mas charmoso e uma comida absolutamente maravilhosa, tudo que pusemos na boca veio seguido de suspiros. Gostamos tanto que jantamos lá e voltamos no dia seguinte para tomar uma cerveja e beliscar algo antes de irmos para o próximo destino. Pena que não dava tempo porque o lugar também dá aulas de cozinhar e descobrimos depois que o restaurante é famoso, tipo recomendado nos guias e em jornal local e olha que escolhemos a dedo.






Minha próxima viagem para o Vietnã eu vou querer comprar quadros lá. Os artistas são simplesmente maravilhosos. E Hoi An é endereço obrigatório. Lá tem que comer o prato típico chamado Cao Lau, um noodle também mas ele não é sopa, é mais sequinho apesar de ter um caldo.

Na foto de baixo, estamos na frente de uma ponte coberta, feita de madeira, com um mini templo dentro. Enfim, um charme de cidade!


jueves, 17 de diciembre de 2009

Uma bonita estória de amor vietnamita

Um lindo restaurante chamado Secret Garden (132/2 Tran Phu St) na mais que charmosa cidade de Hoi An. Fomos todos convidados pelo casal Binh e Quyen para jantarmos. Pratos típicos pedidos, bebidas escolhidas.  Eu escolhi um vinho branco vietnamita que achei fraquinho, mas geladinho foi até gostoso.

Eles são donos de uma loja chamada Reaching Out, artesanato feito por deficientes (ou como eles belamente chamam "people with different abilities"). Comprei minha bolsa linda lá. Ela tem uma personalidade forte, mulher inteligente e batalhadora. Ele tem um coração enorme. Estavam bem felizes que estávamos lá, porque, segundo ela "meu país é um país pobre e o que vcs fazem por ele, não tem dinheiro que pague".

Ela queria dividir e animada, anunciou que ia contar a história de amor deles. Na outra ponta da mesa, só vi o marido, tímido, abrir um sorriso enorme, com um jeito de " socorro! onde eu me enfio?"




Há dez anos atrás, ela resolveu fazer um curso para aprender a mexer no computador. Na escola de computação, lá estava o professor de sorriso grande e tímido. Ela achou tudo muito diferente e estudou duro para entender como funcionava tudo, era sempre a última a sair porque queria aproveitar para fazer perguntas ao professor. Logo, tinha feito todos os estágios e o professor falou que não tinha mais o que ensinar para ela. Ela resoluta, insistiu que queria aprender outras coisas. Ele falou que ela podia ir para a cidade grande aprender.

Um dia ela não aguentou e ligou para ele. Falou tudo, disse que gostava dele e que queria namorar com ele. Ele mal respondeu e desligou. Ela não desistiu e continuou ligando. Um dia ele disse que não podia namorar com ela porque não podia dar para ela o que ela precisava. Ela disse "então é isso?, vamos tentar e eu te digo se é o que eu preciso". Marcaram na casa de uma parente dela que estava viajando. Passaram a noite juntos e na manhã seguinte, ela disse para ele que aquilo era tudo o que ela precisava. Namoraram por dois anos.

Consciente de que aquele era o homem que ela amava, ela quis casar e comunicou para ele. Ele sumiu por dias e um dia tomou coragem e ligou para ela "se você quer casar, eu caso, mas você vai sofrer muito". Ela sorriu, feliz.

Comunicaram a família que eles iam casar. Durante meses, o pai dela perambulava pela casa e não se segurando, acordava ela de madrugada para dizer que ela não podia casar com um cadeirante, porque ela  não poderia ter filhos e seria muito infeliz.

Ela casou com ele. Foram felizes. São felizes. Construíram a loja, dão emprego a vários deficientes. E há seis anos que eles, anualmente, comemoram o aniversário do Sesame, o filho deles. Fruto do amor e dá fé desse casal.



Wheels for Humanity III

Tem imagens que dizem muito. Eu escolhi essas entre muitas. Esse pequeno ser, que chegou quietinho, esperou pacientemente a vez.  Foi medido da cabeça aos pés, esperou mais, sentou na cadeira, levantou, esperou mais um pouco até que finalmente ele recebeu sua cadeira de rodas.

Esperto, logo descobriu que girando as rodas ele podia se mover. E com um sorriso no rosto, ele rodou um pouco e logo depois, pude escutar sua risada infantil, ele gargalhava sozinho. Numa descoberta solitária, ele empurrava sua cadeira de rodas pelo pátio do hospital. Mobilidade e liberdade... qual o preço disso? Só quem não tem, sabe o quanto vale.

Meu pequeno príncipe fez sua descoberta. Que os deuses te acompanhem.

Fui feliz em poder compartilhar esses momentos com ele.













lunes, 14 de diciembre de 2009

Wheels for Humanity II

Eles chegam de todas as maneiras. Geralmente carregados no colo, nas costas, dois carregando, apoiados, em muletas... Gente do campo e da cidade. De todas as idades. Com todos os tipos de problemas. Poliomelite, paralisia cerebral, acidente de moto, doenças degenerativas, consequências da guerra.

Ele chegou nos braços da mãe. Era intervalo do almoço e eles trancavam a sala onde estávamos atendendo por isso estávamos aguardando do lado de fora. Chega uma mãe carregando o menino, relativamente grande mas muito magro, totalmente paralisado. Do lado dela, o guarda do hospital. Eles vêm direto para mim porque pareço vietnamita. Eu levanto, peço para ela sentar e explico que não falo a língua. Eles continuam falando, então saio atrás de alguém do hospital. Não encontro ninguém e ai entendi porque eles trancam todas as salas, porque todo mundo vai para casa. Volto e tento,  educadamente, explicar o hospital está fechado e irá abrir depois. Eles continuam insistindo.  O guardinha fica apontando a minha câmera, eu sem entender direto, falo que posso sim tirar uma foto (já tinha visto que crianças gostam de posar para a câmera, mas não me parecia o caso daquele menino). Tiro umas fotos e o guardinha começa a apontar o papel que a mulher tem na mão. Ai entendi. O hospital pede que as pessoas preencham um formulário e anexem uma foto. E ela não tinha a foto e queria que eu desse uma para ela. Tentei explicar que eu não podia dar uma foto mas que ela receberia uma cadeira de qualquer jeito. Quando falei não (que não podia dar a foto) a mulher quase veio as lágrimas.

Bom, no final acho que eles entenderam que eu não conseguia falar e que teriam que esperar alguém do hospital. E quando eles finalmente conseguiram entrar, eu fiquei olhando aquela mãe, carregando aquele menino e fiquei com o coração muito triste. Pelo menino, por aquela mãe. Ele ficou muito tempo aguardando os ajustes da cadeira, um alto grau de paralisia. Foi muito difícil.

Um dia chegou um grupo de idosos, a manhã era destinada aos adultos. Essa foi bem difícil segurar as lágrimas. Três deles sentaram juntos. Um deles ainda estava de pijama. Os três de meia, um deles com sacos plásticos enrolados nos pés. E eu não consegui deixar de pensar "eles não tem nem sapatos".  E aquele pensamento ficou ecoando na minha cabeça. Eu sai da sala, precisei de algum tempo para voltar.

O Charles lutou na guerra do Vietnã. Um dia, esse homem grandão chega do meu lado e fala, totalmente emocionado "aquele homem é um vc" pergunto o que é um vc, ele me responde "um vietcon! Eu costumava odiar eles, eles mataram todos os meus amigos". Pergunto se ele está bem, ele me responde que sim, diz que o homem tem uma perna inutilizada por um tiro. E que ele não conseguiu sentir ódio, que ele havia pedido desculpas ao homem e que este o havia abraçado. Ele estava visivelmente emocionado.

Quando chegamos em Huén, o Charles encontrou uma senhora. Acho que ele estava um pouco em busca de algo. Ele mostrou através de sinais que era um ex combatente e a mulher, de alguma forma, mostrou para ele que o marido dela havia morrido na guerra. Ele pediu perdão. A mulher começou a chorar. Ele começou a chorar. Se abraçaram. Soluçaram. Foi bem bonito.







sábado, 12 de diciembre de 2009

Wheels for Humanity I



Já contei como conheci o David. Então agora eu vou contar o que nós fizemos nessa viagem. Há cerca de dois meses atrás, dois containers cheios de cadeiras de rodas saíram de LA. Um foi  para DaNang, quarta maior cidade do Vietnã, à beira mar. Direto para o Da Nang Rehabilitation and Sanatorium Hospital, administrado pelo Dr Chin. O outro foi para Hué.

O time foi chegando aos poucos: Greg Stevens e Al McNiece, ambos CRTS, que é a certificação técnica para "mecânico" (em minha palavras, please!) de cadeiras de rodas, capazes não só de consertar mas principalmente de adaptar uma cadeira de rodas ás condições físicas e motoras do usuário. O Greg trabalha numa empresa chamada National Seating and Mobility e o Al tem a empresa dele. Já fizeram várias viagem com a Wheels.




Chris Marion e Karen Lenox, ele fisioterapeuta, ela terapeuta ocupacional, ambos trabalham num hospital no Oregon. Primeira viagem deles, conheceram o trabalho da Wheels através do hospital.






David Palmer, ex músico, diz o David Richards que ele escreveu letras de algumas músicas famosas dos anos 70 (Jazzman, cantada pela Carole King) e hoje é fotógrafo. E Charles Haid, ator, diz o David que ele participou de um programa de tv conhecido, hoje é cinegrafista. Eles são amigos do David há uns 20 e poucos anos, primeira viagem deles vieram para fotografar e filmar. Talvez saia um material bem legal para a Wheels usar.





Eu, espécie de assistente geral e fotógrafa oficial. Junto com o time dos hospitais, ajudei a identificá-los e colocar numa  "fila", tirando fotos de cada um deles com sua respectiva cadeira de rodas para controle.




Ou seja, da Wheels for Humanity, só o David mesmo. O resto do time é formado por voluntários. Gente que usa as férias para ajudar aos outros e paga tudo do próprio bolso. Por que? O Greg me disse que é o que ele ama fazer. Ele hoje trabalha com vendas mas dá para ver que quando ele começa a adaptar as cadeiras, ele entra no mundo dele, apertando, ajustando, cortando, adaptando, quase meditando. O Al me disse que nos USA, quando alguém recebe uma cadeira, a pessoa age como se fosse um direito dela e que aqui ele sente o agradecimento e a felicidade de quem recebe. E ele sabe e sente que aquilo vai fazer a vida de alguém melhor.

O programa da viagem foi 4 dias em Da Nang, 2 dias em Hoi An e 4 dias em Hué. Dei sorte, são cidades turísticas, então deu para misturar trabalho, turismo e boa comida.

No total, calculo que são quase 300 cadeiras de rodas e vários outros equipamentos. E o David, Greg e Al trouxeram suas respectivas ferramentas. Praticamente montaram uma oficina em cada um dos hospitais. Adulto no geral é mais fácil, só alguns ajustes na cadeira, altura do apoio dos pés e pronto. Criança, e a maioria eram crianças, é muito mais difícil. Teve criança que demorou horas, principalmente aquelas com grau alto de paralisia.

Eu não sei ainda como vou contar tudo o que vivenciei nesses dias. Tenho muitas fotos também. Vou pensar. Forte emoções é o que antecipo. Sei que todos os dias agradeci aos deuses por um bem precioso (se é que se pode falar desse jeito): saúde. Quando vc vê eles chegando, e eles chegam de todas as formas possíveis, geralmente carregados, o coração fica bem apertado.





miércoles, 2 de diciembre de 2009

Vietnã - terceira e última etapa

Comprei a passagem de ônibus no hotel também, 12 dólares, 6 horas de viagem também, de Phnom Penh até Ho Chi Minh City, antiga Saigon.

Atravessar a fronteira foi tranquilo, eu tinha emitido um visto quando estava em Chiang Mai. O próprio hotel cuidou disso, achei que valia a pena porque não tinha certeza se eu ia voltar para Bangkok e não queria pensar nisso na praia, então entreguei meu passaporte, dinheiro (2000 bahts) e uma foto. Entregar o passaporte aqui na Asia parece normal, eles seguram no hotel, seguram quando vc aluga uma moto... Resolvi arriscar e deu tudo certo.

Tem uns comentários na internet de que precisa de vacina para febre amarela, besteira. Segundo eu entendi, o Brasil está na lista de países que tem a doença então teoricamente teríamos que ter sim, mas só se o vôo for direto. Nenhum país da lista tem vôo direto para o Vietna, ou mesmo Camboja. Então na teoria ninguém precisa. Eu me preocupei com isso, fui até o hospital em Chiang Mai e me disseram que não existe essa vacina na Tailandia. Ok, nada a fazer então, só arriscar e não precisa mesmo.

Voltando a fronteira, o ônibus para na alfândega do Camboja e todo mundo desce do ônibus, entrega o passaporte e volta pro ônibus. Andamos mais 5 minutos e entra na alfândega do Vietnã. Tivemos que pegar todos as malas, passar no raio X e mostrar o passaporte. Saímos e lá está o ônibus de novo. Super tranquilo.

E é só entrar no Vietna que a paisagem muda, passa a ser mais urbano. Chegar em HCM City, que vou chamar de Saigon (acho mais charmoso) é curioso. De repente vc vê um monte de moto na rua, pra tudo quanto é lado. Aqui quase não tem carro! Todo mundo anda de moto. O David disse que há 10 anos era só bicicleta e que mudou radicamente. O guia diz que tem 3 milhões de motos (guia antigo!). É um buzinaço só, o tempo todo.







O ônibus me deixou na rua paralela a rua do hotel, ponto final deles. Mesmo hotel que o time da Wheels for Humanity vai ficar, só dois quarteirões, infelizmente grandes para quando vc está carregando 2 malas, mochila e bolsa. E 3 Lonely Planets (Tailandia, Camboja e Vietna), oooohhh negócio pesado.

Aliás, eu ganhei esses guias do David. Ele compra novo de tempos em tempos e me deu os antigos dele. E eu vi todo mundo carregando esses guias por ai, que sucesso pensei. Mas achei o guia tão pobre, preto e branco, mal impresso. Até que caiu a ficha. São cópias baratas! Por isso que vende em tudo quanto é lugar e descobri que não custa nada. Coitados!

Anyway, quando cheguei no hotel, encontrei o David. Fiquei tão feliz! Ver um rosto conhecido depois de semanas! Bom demais.

O David Richards é o CEO da Wheels for Humanity e um dos caras mais engraçados que eu já encontrei. Ele pegou pneumonia um pouco antes da viagem, foi parar no hospital e só deram alta para ele  dois dias antes de viajar. Ele quase não veio. Seguramente não seria a mesma viagem sem ele. Ele é a alma do negócio, líder natural, adorado por todos. E faz isso há uns 14 anos aqui no Vietnan, entao todo mundo conhece ele, ele conhece tudo, muito mais fácil.

Ele estava descansando quando eu cheguei, nem tinha saído para comer. Fomos almoçar, direto no Pho24. É uma rede, tem em tudo quanto é lugar, tem um Pho bem bom. Acho que é para ambientar até irmos direto comer na rua. Rede ou não o pho é bom.

Pho é uma tigela de macarron vermicelli, com um caldo com pedaços de carne e muita erva tipo hortela, manjericao, broto de feijao e cebolinha que vêm separado e vc coloca o quanto quer no seu phô. Café da manhã e comida cotidiana do povo. Bonzão! Tinha comido uma vez em LA e não tinha achado muita graça mas aqui eu achei uma delícia.




Anyway, fiquei bem feliz de chegar aqui. Finalmente, Vietnã!

40 Bui Vien Street, District 1

Bom hotel, bem localizado.

martes, 1 de diciembre de 2009

Phnom Penh - capital do Camboja



Depois de 6 horas no ônibus, cheguei em Phnom Penh, faminta porque não tomei café da manhã e na parada do ônibus não deu a menor vontade de comer. Comi minha última barrinha de emergência do Trader Joe's e foi só.

Eu havia combinado de encontrar com Mr. Hao, representante de uma empresa de importação e exportação, clientes da empresa da minha irmã. Eles foram ótimos, me ciceronearam e estiverem bem presentes nos dois dias que fiquei na cidade.

Mas tenho que contar que eles me pegaram na "rodoviária" e me levaram direto para um restaurante ali do lado. Um restaurante italiano, bastante caro para o padrão local. Pedi uma lasagnha e depois de semanas comendo comida oriental, foi com prazer que eu a devorei. Foi só chegar no quarto do hotel que comecei a passar mal. Muito mal, tive até febre. Engraçado que comi nas ruas, sentei em cada muquifo e fui apontando o que eu queria, comi nos mercados locais, experimentei um montão de coisas e o que me fez passar mal fui uma maldita lasagna num aparentemente bom restaurante italiano.

Graças aos bons deuses, sono para mim resolve boa parte dos problemas. Dormi a tarde inteira, acordei com sede e com um pouco de fome mas sem febre. Sai para comer algo e voltei rapidinho. Apesar de bem localizado, não gostei do que vi nas ruas. Muita sujeira, muito homem sentado na rua bebendo cerveja e gente sem fazer nada. Muito diferente do que tinha visto até agora.

Dia seguinte, uma boa andada no rio, até lembra um calçadão de praia, muita gente sentada nas margens conversando ou passando o tempo.



Fiz várias coisas numa tarde:

1)Wat Phnom, um templo que fica numa elevação, quase uma praça com um morrinho;




2) National Museum, numa bonita casa, com um jantar interno e salas grandes e abertas, voltadas para o jardim.




3) Do lado do museu, a grande atração da cidade  o Royal Palace e o Silver Pagoda. Bem bonitos, o Silver Pagoda fica junto do Royal Palace, o curioso é que ele tem esse nome porque o piso é feito de placas de prata, mas ele está quase completamente coberto por tapetes e as poucas placas que se vê estão meio velhas e quase descolando.










Disseram que essa casa foi doada pelo Napoleão, pelo menos foi o que eu pescocei do guia que estava acompanhando um casal.

Nesse dia, fiquei bem feliz, passei no mercado local, nem entrei porque é muito simples mas comprei um cacho enorme de bananas por centavos e um saco de jaca. Isso mesmo, aqui tem muita jaca e é uma delícia, não é mole como a nossa, ela é crocante, uma delícia, é vendida na rua, eles abrem e vendem os frutos por quilo. Viciei. Custou centavos (de dólar) também.

Hotel bom, achei no guia de visitantes que recebi em Siem Reap e li bons comentários no Tripadvisor. De lá fiz tudo a pé. Me deram um preço muito melhor na recepção do hotel, mais barato que no site deles e Expedia. Eu quase fiz a reserva no site, algo me segurou, acho que paguei uns 15 dolares a menos.

No. 77 - 79, St 130

domingo, 29 de noviembre de 2009

Siem Reap

Eu curti bastante essa cidade, calma e tranquila. Tudo gira ao redor dos templos e na cidade o legal é perto do mercado antigo (Old Market). Lá tem de tudo, eu praticamente comprei todas as lembranças na Tailandia achando que não ia encontrar mais nada. Ledo engano. As echarpes de seda do Camboja são maravilhosas e muito baratas, me arrependi muito de ter comprado as de cotton mas feitas manualmente da Tailandia.  Tem muita jóia no mercado também, tanta que eu me perco e não consigo escolher nada.

Eu andei tranquilamente pela cidade, ia até o mercado, olhava tudo, comia, fazia compras e massagem. Sim, massagem é muito barato (6 dólares) e uma delícia. Fiz até uma no hotel, a massagista vai no seu quarto. Um luxo só!

Outra coisa que eu fiz, programa de turista total, mas que não tenho fotos porque acabou a bateria, foi ir num jantar tipo buffet, com comida típica khmer e ver a tradicional dança khmer, Apsara. As meninas são lindas, vestidas com uma roupa bem parecida com aquelas esculpidas nos templos e elas dramatizam algumas cenas cotidianas. Uns 12 dólares, esqueci o nome mas era num restaurante grande perto do hotel, recomendação do guia.

E depois de 4 dias em Siem Reap, hora de ir para Phnom Penh, a capital do Camboja. Passagem comprada no hotel, 8 dólares com pick up incluso, escolhi a passagem mais barata mas da próxima vez farei um upgrade, não que fosse ruim mas podia ser melhor. Comprei para as 8:30 da manhã e perguntei duas vezes que hora vinham me buscar e me responderem entre 8:30 e 8:40. As 8:00 me ligaram dizendo que o ônibus estava me esperando. Disse que não estava pronta e me disseram que eu teria que ir de tuk tuk até a rodoviária... nem pensar, joguei tudo dentro da mala e desci em 5 minutos. Um stress! Mas acho que fui bem inocente, não é o ônibus que passa e sim uma van que passa nos hotéis e te leva até a rodoviária. Rodoviária é modo de dizer, um monte de ônibus no meio de uma rua estreita.

Vivendo e aprendendo. Mas fiquei bem feliz com minha capacidade de jogar tudo na mala, fechar uma mala absolutamente lotada, me vestir e sair carregando, duas malas, bolsa, mochila e passagem na mão!



Siem Reap - Tonle Sap, o grande lago

Siem Reap é uma cidade que existe principalmente por causa dos templos. Mas tem um lago chamado Tonle Sap que muita gente vai conhecer. Nesse dia, meu guia estava de moto e como o sol estava bem forte, paramos e eu comprei uma echarpe de seda (3 dólares). Fica fora da cidade, uma meia hora de moto.


O lago foi o que eu vi quando o avião ia aterrisando. Ele é considerado um dos maiores lagos do mundo e o tamanho varia de 2.500 km2 a mais de 12.000 km2 na época da cheia. Tem uma história interessante, dizem que é um fenômeno hidrológico único. As chuvas e o derretimento da neve aumentam absurdamente o volume do Rio Mekong que fica "represado" pelo mar, dessa forma, as águas desse rio forçam as águas do Rio Sap a voltar para o lago, causando uma inundação em toda a região. O lado bom é que isso fertiliza as terras, deixando a terra pronta para o cultivo de arroz, que se vê por todo o Camboja.

Fiz o passei o de barco mas não achei grande coisa e achei um pouco caro (20 dólares) mas foi legal ver toda essa água, e ver as casas que são praticamente barcos. E ver as crianças se divertindo na água, mas olhando a água marron, não dá nenhum vontade de nadar. Ninguém faz isso, vai ver que é porque o lago parece sujo e a região em si parece bem simples, quase miserável.









sábado, 28 de noviembre de 2009

Angkor Wat - Banteay Srey


Bom, lendo aqui o Lonely Planet, os templos foram construídos entre o séc 9 e 14 AC, pelo império Khmer e chegou a abrigar mais de 1M de habitantes. Casas, prédios e edifícios foram feitos de madeira porque pedra ou tijolo eram reservados para os deuses, razão pela qual hoje somente existem os templos.

No século 12, Angkor foi dominada e saqueada pelos Cham, exército do sul do Vietnam e eles queimaram a cidade de madeira. Quarto anos depois, o rei Jayavarman VII retomou a cidade, expulsando os invasores Cham. Antes desse rei, os templos eram hindus, dedicados aos deus Shiva, em seu reinado, floresceu o budismo.

Angkor Temples é enorme, tem que contratar um motoboy( diária 10 dólares), tuk tuk (15 dólares) ou taxi (25 dólares) ou comprar algum pacote que te leve de um templo ao outro porque as distâncias são grandes para fazer a pé. E tem coisa bem longe. Por ex, um dos dias eu reservei para ir até Banteay Srey, distante 37km, dá para fazer em um par de horas, não é muito grande. Muita gente contrata guia particular, também.







O Camboja é mais fácil para se locomover, todo mundo tem o mesmo preço, então não dá tanto essa sensação de estar sendo enganado, só que tudo é em dólar, portanto mais caro. Tem um guia que os hotéis dão que é muito bom, tem mapa, dicas de preços e descrição de todos os templos.

Angkor Wat - Ta Prohm

Eu adorei esse, não sei porque, tinha essa imagem na cabeça, ruínas no meio da selva. Acho que é porque havia lido que um explorador estava andando na floresta quando (re)encontrou o templo.

Depois de ver o sol nascer em Angkor Wat e passar por outros templos, eu cheguei em Ta Prohm na hora do almoço. Entrei e não havia ninguém, andei em volta e não vi viva alma. Cadê todo mundo?













Não ver gente é uma coisa inusitada aqui porque esse é o centro turístico do Camboja, todo mundo vem para cá, vários templos são lotados.  Fiquei até com um pouco de medo e foi um alívio quando no final chegou uma galera de turistas. Explicação:  o povo acorda cedo, faz vários templos e quando o sol está bem forte, todo mundo volta para a cidade para almoçar.