Em 2007, quando resolvi mudar para Espanha, decidi que precisava de uma prainha antes de viajar e enfrentar o frio lá. Estava procurando algumas coisas na internet quando encontrei um curso de thai massagem num spa em Paraty. Sempre gostei de massagem, é uma delícia receber. Mas também curto muito poder dar uma massagem, acho um prazer enorme poder proporcionar um momento de paz, tranquilidade , bem estar e relaxamento à alguém. E acho que num relacionamento, poder fazer isso com quem vc ama, é um momento intenso de intimidade, de troca e de convivência. Por isso que fiquei bem curiosa sobre o que era o curso e me surpreendi muito porque encontrei muitos textos e sites falando em massagem meditativa thai yoga... Uau, meditação, yoga e massagem tudo junto? Tudo o que eu queria. E num spa. Em Paraty.
Entrei em contato com o Javier Sunder, hoje mestre querido e foi uma semana maravilhosa onde sai apaixonada pela thai massagem. E claro, vindo aqui para Tailandia, eu não podia perder a oportunidade de aprender mais e na origem.
Tem vários cursos na internet e na dúvida resolvi perguntar ao Javier qual era o melhor. Surpreendentemente ele me respondeu para fazer com o Pitchest. É, com t, sem telefone, sem endereço, sem site em inglês, sem programa, sem preço, segundo ele era só chegar em Chiang Mai e ... "professor-mestre de massagem Pitchest, o podes encontrar nos guías" Ah ta...
Cheguei aqui e ninguém nunca ouviu falar nele, não tem em guia nenhum... Ok, deixa eu ver esse site em thai, quem sabe um telefone ou email. Yes, telefone tem, liguei e ah... recebi claras indicações de como chegar de yellow bus (isso eu entendi) com todos os nomes em thai, porque ir de tuk tuk "tu expensive". Hora de respirar fundo, descer até a recepção do hotel, pedir para alguém copiar o endereço em thai para mim num papel, catar um tuk tuk e negociar. Afinal prefiro um "tu expensive" e chegar do que nem chegar.
Enqto ia no tuk tuk, saindo da cidade de Chiang Mai, rumo a Hang Dong, fiquei pensando que coisa maluca, sair procurando um cara cuja única coisa que eu sabia era o nome, uma recomendação e uns relatos que li no blog thai em vez de uma renomada escola, credenciada pelo governo tailandes, onde todo mundo faz e sai apto e com diplominha embaixo do braço.
Bom, realmente, hoje posso tranquilamente falar que fiz o certo. Pichest não tem programa, não dá diploma, vc pode ficar horas sem fazer nada porque ele às vezes some, às vezes ele fica lá recebendo massagem, às vezes ele fica lá horas falando a mesma coisa, over and over again, às vezes ele dorme... como disse a Nique, uma americana, "parece aquele filme Karate Kid".
Mas ele é O Mestre. Ele é o melhor. Pichest não te ensina sequência nenhuma. Tem horror a isso. Repete constantemente "bad technique", "7Eleven", "don't feel". Traduzindo, tem que sentir, tem que verificar onde tem energia estagnada para trabalhar exatamente naquele ponto. A sequência é massificante, igual para todos e isso pode ser totalmente prejudicial. E cada movimento, tem que ser feito sem nenhuma aplicação de força e ele te mostra qual é o movimento do corpo para fazer isso. Como ele diz "take care of yourself, take care of your body to take care of others". Aqui tem massagista e professores, todo mundo reaprendendo, do zero. Tem gente aqui que fica meses, tem gente que sempre volta. E é fácil entender, vc consegue aplicar uma massagem em duas horas, sem suar. E trabalhando os principais pontos que a pessoa necessita. E vc sente a diferença.
Ele pega uma vítima, rapidamente mostra todos os pontos de energia estagnada e em movimentos rápidos e precisos, ele faz aquilo desaparecer. A pobre da primeira vítima (eu, claro) fica se sentindo a pessoa mais podre do mundo. Depois vc vai entendendo que todo mundo tem e muito.
Tem um cara que vem toda quarta de manhã. É americano, chega de motorista. Disseram que ele não andava, que tem mal de Parkinson. Faz 7 meses que ele vêm, chegou andando, saiu andando normalmente. O cara doou dinheiro para construção do templo, construção do forro da sala de treinamento e para os ventiladores da sala. Ver o Pichest em ação é uma aula mestre. Arte e cura em ação.
Vim para uma semana, fiquei duas, perdi minha passagem para a praia (comprei no refund, nunca façam isso) e acho que aprendi uma pequena fração de tudo o que esse grande mestre tem para ensinar. Mas sinto que ele me mostrou uma porta, e eu não tenho dúvidas que é por ela que eu vou caminhar.
E não posso terminar esse post sem repetir as palavras do mestre, afinal foi quase lavagem cerebral, mas tomo a liberdade de colocar nas minhas palavras. Falar como o Pichest é tarefa impossível, ele é direto, levanta o dedo, traz o cajado e parece que vc vai tomar na cabeça... fora o inglês... demorei dois dias para entender que "tishar" era teacher, não tshirt. Bom, ele diz que temos que sentir com o coração e não com os hormônios ou com as técnicas que nos ensinam. Quando fazemos isso, só temos problemas, que pensar muito também só traz problemas. Que procuramos soluções no 7Eleven que está longe, mas não sabemos encontrar a sabedoria que está perto, dentro de nós mesmos. E que temos que agradecer, rezar e fazer nossos pais felizes todos os dias, porque eles nos deram a vida.
Agradeço aos meus mestres. Obrigada ao mestre Pichest. Obrigada ao mestre Javier. Obrigada ao meu pai. Obrigada a minha mãe.
Mas ele é O Mestre. Ele é o melhor. Pichest não te ensina sequência nenhuma. Tem horror a isso. Repete constantemente "bad technique", "7Eleven", "don't feel". Traduzindo, tem que sentir, tem que verificar onde tem energia estagnada para trabalhar exatamente naquele ponto. A sequência é massificante, igual para todos e isso pode ser totalmente prejudicial. E cada movimento, tem que ser feito sem nenhuma aplicação de força e ele te mostra qual é o movimento do corpo para fazer isso. Como ele diz "take care of yourself, take care of your body to take care of others". Aqui tem massagista e professores, todo mundo reaprendendo, do zero. Tem gente aqui que fica meses, tem gente que sempre volta. E é fácil entender, vc consegue aplicar uma massagem em duas horas, sem suar. E trabalhando os principais pontos que a pessoa necessita. E vc sente a diferença.
Ele pega uma vítima, rapidamente mostra todos os pontos de energia estagnada e em movimentos rápidos e precisos, ele faz aquilo desaparecer. A pobre da primeira vítima (eu, claro) fica se sentindo a pessoa mais podre do mundo. Depois vc vai entendendo que todo mundo tem e muito.
Tem um cara que vem toda quarta de manhã. É americano, chega de motorista. Disseram que ele não andava, que tem mal de Parkinson. Faz 7 meses que ele vêm, chegou andando, saiu andando normalmente. O cara doou dinheiro para construção do templo, construção do forro da sala de treinamento e para os ventiladores da sala. Ver o Pichest em ação é uma aula mestre. Arte e cura em ação.
Vim para uma semana, fiquei duas, perdi minha passagem para a praia (comprei no refund, nunca façam isso) e acho que aprendi uma pequena fração de tudo o que esse grande mestre tem para ensinar. Mas sinto que ele me mostrou uma porta, e eu não tenho dúvidas que é por ela que eu vou caminhar.
E não posso terminar esse post sem repetir as palavras do mestre, afinal foi quase lavagem cerebral, mas tomo a liberdade de colocar nas minhas palavras. Falar como o Pichest é tarefa impossível, ele é direto, levanta o dedo, traz o cajado e parece que vc vai tomar na cabeça... fora o inglês... demorei dois dias para entender que "tishar" era teacher, não tshirt. Bom, ele diz que temos que sentir com o coração e não com os hormônios ou com as técnicas que nos ensinam. Quando fazemos isso, só temos problemas, que pensar muito também só traz problemas. Que procuramos soluções no 7Eleven que está longe, mas não sabemos encontrar a sabedoria que está perto, dentro de nós mesmos. E que temos que agradecer, rezar e fazer nossos pais felizes todos os dias, porque eles nos deram a vida.
Agradeço aos meus mestres. Obrigada ao mestre Pichest. Obrigada ao mestre Javier. Obrigada ao meu pai. Obrigada a minha mãe.