Me pergunto o que acontece nessa sociedade onde relacionamento tornou-se tão difícil. Eu entrei e sai de vários relacionamentos e hoje, olhando para trás, tenho a impressão que vários deles nem existiram. Nem existiram no sentido que ninguém entrou para dividir e compartilhar.
Por que não entramos nos relacionamentos? Conhecemos alguém, saímos, beijamos, transamos, vamos no cinema, passamos um tempo juntos, ás vezes meses e meses, as vezes até anos e só. Eu fiquei tentando lembrar a última vez que olhei para alguém, senti aquele sentimento bom, que te dá uma sensação boa de plenitude e felicidade e aquelas palavrinhas mágicas simplesmente te vêm na boca e querem sair de qualquer jeito.
Foi uma boa hora para: 1) atualizar a lista dos ex 2) avaliar quantos realmente valeram a pena. Foi com tristeza que vi que entre hoje e a última vez que falei as palavrinhas mágicas, passaram-se muitos anos e muitos relacionamentos.
MInha culpa? Com certeza sim. De certa forma, somos responsáveis pelo que sentimos.
Eu gosto daquela frase que diz que somos seres espirituais vivendo uma experiência humana. E isso vem me dando alguns entendimentos pessoais. Assim, no gerúndio mesmo. Entendi que nessa experiência humana, nosso grande desafio é o ego.
O ego que quer muito. Quer carreira, quer dinheiro, quer ser magro e bonito, quer viajar, quer ter a melhor casa, quer ter coisas novas, bonitas e de preferência de marca, quer ter o parceiro perfeito. E tem ego que quer poder.
E quanto isso demanda? Horas e horas de trabalho, horas e horas de compras, academia, salão de beleza e toda série de jogos. Jogos de poder, jogos de cintura, malabarismo. E como isso demanda tempo e energia. Mas o que mais doi é depois de tudo isso, chegar em casa e ter aquela sensação de solidão. Ou talvez para alguns, de fracasso.
Eu tenho um certo prazer em passar um tempo solitário, sumir um finde e ficar quietinha em casa, sem falar muito, fazendo minhas coisas e reabastecendo o corpo de comidinha boa, fazendo minhas corridas, dormindo e lendo. Mas não é essa solidão que eu falo. Falo de uma outra, uma sinistra, que aperta o coração e te dá uma sensação de tristeza.
Minha percepção hoje é que entramos muito racionalmente num relacionamento. Ok, eu entro racionalmente. Entro pensando no que temos em comum, quais são os defeitos e problemas e claro, rapidinho já sei que não vai durar muito. Então para que abrir o coração?
Só que quando não abrimos o coração, não amamos. E quando não amamos, não crescemos, ficamos mais secos, pequenos, egoístas. Não damos e não recebemos. Ah, mas amar traz sofrimento, já ouvi muito isso. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas hoje me preocupo mais em amar para poder crescer e entendo que cada ato de amor vale a pena. Entendo que amar faz parte de nossa vivência humana para retornar ao caminho espiritual. Entendo que quando o ego cresce e se fortalece, nós perdemos como seres espirituais. E como o mundo é reflexo do que somos e dos nossos atos, é fácil entender porque ele anda tão torto.
Amar é bom. Gosto da sensação. Gosto da sensação de plenitude. E gosto da espontaneidade das palavras "I love you". Ah... to na Califórnia, né? É em inglês mesmo.
“Pena que pena que coisa bonita diga
Qual a palavra que nunca foi dita antes
Qualquer maneira de amor vale a aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá “
Qual a palavra que nunca foi dita antes
Qualquer maneira de amor vale a aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá “
Paula e Bebeto - Milton Nascimento