Eu me diverti lendo esse livro. Tudo começou quando eu e minha irmã acabamos de jantar e começamos a arrumar a cozinha. Ela pegou o guardanapo que usamos no jantar e começou a limpar uns pinguinhos do fogão. E ela me contou que tem um livro de uma mulher que ela guardava esses guardanapos numa gaveta para usar depois. Achei tao divertido.  E ai ela começou a contar outros casos do livro. Que a autora alimentava uma família de 6 crianças com menos de 180 dólares por mês, que ela lava e reusa os zipbags durante meses (ou sera anos?), re-usa papel alumínio (ela até ganhou de presente de Natal dois rolos de uma tia) e saco do aspirador de pó. Compra roupa em garage sale, corta o cabelo das crianças e por aí vai.
Imediatamente me identifiquei. O Ale me chama de Juditstein porque eu sou pão dura. Sou sim, sempre fui. Trabalhava na IBM, ganhava um bom salário, tinha carro da empresa, um apê xuxu mas sempre economizei. 
Talvez por ter tido uma infância simples numa família numerosa, talvez por ter trabalhado desde menina na pastelaria dos meus pais, talvez por ter vivido parte da minha infância  ali na Praça Antonio Menck, centro de Osasco, junto com tanta gente humilde,  talvez porque eu goste de economizar mesmo, talvez por tudo isso junto, eu sei muito bem o valor do dinheiro.
E ai eu comecei a ler o livro e me diverti tanto. Porque ser pão duro tem uma conotação ruim, como se fossemos pessoas muquiranas, amargas, avarentas, pobres, sei lá. Mas lendo o livro, descobri que existe muita gente como eu, que simplesmente não gostam de desperdício, que questionam medidas, e que odeiam ver quanto saiu da conta bancária. Algumas têm um objetivo maior como comprar uma casa maior ou uma linda fazenda. Lendo o livro, confesso, perdi a vergonha!
O livro é antigo, de 1992, dizem que ela apareceu na Oprah e daí começou a escrever as dicas no jornal e depois o livro que virou uma pequena série. Ela mesma diz que agora não precisa economizar tanto. Ficou milionária. O livro tem formato de jornal, como se fosse uma coluna diária de dicas de economia.  E o legal é que várias pessoas enviaram as suas dicas que ela coloca junto. Logo no começo ela  mostra uma leitora que corta o lenço da máquina de secar (dryer sheet)  em quatro (a gente não tem isso no Brasil, mas aqui, são lencinhos que tem a funçao de amaciante e para tirar a estática da roupa). Outra leitora disse que parou de comprar mas não de usar, simplesmente pega aqueles que os vizinhos jogam no lixo e re-usa (aqui os prédios tem lavanderias coletivas) e ai uma outra leitora ensina como fazer o seu próprio lencinho usando uma toalha pequena e adicionando amaciante líquido que é muito mais barato.
Outra que eu gostei. Sabe o que é o fast food da família deles? Arroz com lentilha. Realmente, a gente come pouca lentilha, eu confesso que nem gostava muito. Até comer arroz com dahl num restaurante indiano. Dahl é um crème de lentilha, ou sopa de lentilha com tempero indiano. Delícia, ontem mesmo, eu e minha irmã chegamos tarde e famintas e em meia hora estávamos tomando uma deliciosa sopa de lentilha, cheia de legumes e com gostinho indiano (cominho, pimenta e um pouco de limao). Lentilha só precisa de meia hora de molho ( nem pusemos), cozinha rápido, e é muito barato. Vejam a receita da Rita Lobo, Sopa dos Sonhos.
Aliás, agora como muito menos carne (ainda amo!) mas aprendi a colocar mais grãos nas refeições como grão de bico (sopa e salada), lentilhas de todas as cores (coringa para uma sopa rápida), trigo (sopa e salada), quinoa (salada, mas o preço no Brasil ainda é caro), feijão branco (delícia do Locro), aveia (sopa) e cevada. Cevada cozida com arroz integral, salada ou em sopa, delícia. Nutritivo, barato, cheio de fibras.
Bom, mas o livro tem várias dicas engraçadas, várias que eu não faria, outras que eu faço e que faria, principalmente se tiver filhos. Dicas de como fazer barra de cereais para o lanche das crianças, de como re-utilizar coisas, de como montar brinquedos para as crianças algumas respostas para os desejos consumistas das crianças. Ela faz conta de como pagar menos juros em financiamento, faz conta de quanto paga por unidade comprada, tem uma agenda com preço das coisas em cada supermercado, ensina a comprar de monte tudo que está barato, ou seja, senso comum que parece que perdemos nessa sociedade de consumo. O mantra dela é: comprar barato, fazer durar e usar menos.
Fiquei feliz de ler (não que vc leia exatamente, fui pulando de dica em dica), hoje para mim é economizar meu dinheiro sim mas tem também muito forte o lado do meio ambiente.
The Juditstein Gazette
Eu me preocupo com a quantidade de lixo que geramos. Faz vários anos que faço as coisas que relato abaixo.
No supermercado , ponho todos os legumes num saquinho plástico e no caixa tiro e peso eles individualmente e ponho tudo de volta. Lembro que no começo as pessoas não entendiam. Uma vez na praia, o homem foi pesando e colocando tudo em sacos separados, pedi delicamente que pusesse tudo de novo no mesmo e juro que tentei explicar mas pela cara ele não entendeu nada.
Vou na loja comprar roupa e não pego nem sacola, nem embalagem. As pessoas perguntavam: “e como vc vai levar?” Ponho na bolsa e pronto. Só pego saquinho plástico no supermercado se estiver precisando para por nos lixos pequenos de casa, carrego minha sacola de pano na bolsa. Há uns anos atrás, sumiram os conterners de lixos reciclados então eu carregava tudo até um que tinha no meio do Ibirapuera (essa nao era nada fácil) agora tem fácil em qualquer Pão de Açucar.
Aliás, passava 3 vezes por semana no supermercado. Adoro supermercado. Mas passava no Dia para comprar produto de limpeza (muito mais barato), no Natural da Terra para verduras (caro e bom, aqui não economizo não) e em algum supermercado para comprar outras coisas. Comprava tudo que tá em promoção (mas em promoçao de verdade).
Uso menos sabão na máquina de lavar, afinal minhas roupas são pouco usadas e no geral, limpas. E para o fabricante quanto mais vc usar melhor para ele, certo? Mas eu me preocupo com a quantidade de sabão que jogamos nos rios.
Uso menos açucar nas receitas, açúcar faz mal. Diluo suco com água. Iogurte? Sei fazer caseiro. Mas também adoro gelatina (pena que elas andam super doces), muito mais barato.
Embalagem para presente? Nada, agora compro celofane transparente e ponho fitas bonitas, geralmente vindas de presentes que ganhei.
Antes eu comprava vinhos caros quando era convidada para um jantar. Caro é modo de falar porque eu tentava comprar de uns 40 reais, mais do que o dobro do que eu pago nos meus. E ai, ficava até sem graça porque o dono da casa tem aquelas geladeiras de por vinho (vinoteca) e o meu ficava parecendo o parente pobre. Não compro mais. Levo um pote de doce (alguém já comeu aquela goiabada da marca Da Fazenda? É de lamber os dedos, acho que só tem no Empório São Paulo). Ou faço meu famoso pudim de leite, que faço em 15 minutos e devo gastar 5 reais para fazer (ah, tá bom, tem que esperar uma hora de forno e por na geladeira) mas fica lindo e todo mundo ama.
Eu jantava e almoçava muito fora no Brasil, esse era meu luxo. Deliciosamente as terças a noite e almoço de sábado com a Déia, pizza no domingo, jantar com amigas, um almoço com a família, ou seja, pelo menos 5 vezes comendo fora por semana. Ao custo São Paulo, é grana. Mas dá para fazer isso sem torrar tanta grana. Não peço entrada, nem sobremesa, nem bebida. Para beber, água, e peço o prato que tiver vontade. No máximo, dividir entrada ou sobremesa.
Balada? Água, no máximo uma cerveja. Estacionar? Dou uma volta no quarteirão, sempre acho uma vaguinha na rua há um quarteirao de distância, não me importo nem um pouco em andar um quarteirão. Nada que me exponha, ou seja, nao faço em lugares perigosos e Vila Mada a noite que é perda de tempo. Me revolto em ter que pagar estacionamento em todo lugar, o cúmulo é na padaria.
Louça? Essa aprendi com a Lilica. Passo sabão em tudo, limpo totalmente a pia e passo sabão nela também, ponho toda a louça de volta na pia. A água de enxague dos primeiros enxagua o que está na pia, e o final só precisa de uma passadinha de água.
Ah, essas vcs vão achar exagero mas eu faço sim. Essa eu li há uns dois anos. Que algum ministro da Inglaterra decidiu que na casa dele só se dava descarga quando era sólido. Bom, eu faço isso quando tenho o meu banheiro ou estou sozinha em casa. E toda vez que faço, ou seja, deixo de dar uma descarga, fico toda feliz pensando, acabo de economizar 8 litros de água!
E tento comprar do pequeno. É super conveniente comprar a Veja no caixa do Pão de Açucar, certo? Mas eu prefico comprar na banca do lado de casa, tinha uma conta corrente lá e ficava bem feliz de pensar que o meu dinheiro vai para ele e não pro Diniz, que já tem demais.
No fundo, tem também o meu protesto contra o consumismo exagerado e a quantidade de coisas que jogamos na natureza. Alguém já leu sobre o Oceano de Plastico que existe no Pacífico? Vou falar dele daqui a pouco.
Mas parece que trabalhamos cada vez mais para poder consumir. Se consumir menos, podemos trabalhar menos? Espero que sim. Graças ao que economizei nesses anos, comprei meu ape, que hoje tá alugado e me permite o luxo de ficar esse ano fora, viajando e sem trabalhar.
Eu leio e acomponho notícias sobre meio ambiente. Hoje mesmo li no LA Times que as faculdades estão praticando Trayless. Isso, não tem mais bandeja no restaurante. Descobriram que se não tem bandeja, não tem mão para carregar mais comida. Resultado, 30% a menos no desperdício de comida. E não tem que lavar bandeja! Menos sabão! Mas a contrapartida é que tem que limpar mais as mesas. Me parece um bom deal.
Acima de tudo, economizar requer CRIATIVIDADE! Use a sua e use seu dinheiro mais eficazmente. E guarde sempre, ninguém sabe o dia de amanhã.
Em tempo, tightwad significa mão fechada. Sorry, post longo, mas não resisti.
 
 



3 comentarios:
Me identifico. Sabe que cada vez que vou usar uma coisa uso ate o final e penso mil vezes antes de jogar no lixo se nao vou usar para outra coisa. Se quebrou conserto. Me da desespero pensar no desperdicio de recursos (imagina quanta energia e materia prima usaram para fazer um brinquedo que se quebrou)ao desfazer-se de algo. Agua e luz nem pensar - pao dura total. Lava roupa? A instrucao aqui em casa eh so ligar a maquina de lavar com os tais 8kgs e a maquina cheia. Passar roupa ? 2 vezes por semana. Rasgou um lencol ? Costuro. Acho que so vou tirar meus lencois e comprar outros quando eles estiverem se disfazendo. O Nico usa roupas da Natasha (mesmo as rosas, para protesto do Ma). Acho que eh filosofia de vida Ju. E o legal eh passar para outras pessoas e pensar que em alguns anos, decadas, muitos recursos serao economizados.
Muito bom, Clau! Mas confesso que morri de rir com as roupinhas rosas do Nico.. realmente lembro de vê-lo de rosa mas nem me liguei. Mas entendo o Ma, a sociedade é dura.
Como vc disse, é filosofia de vida sim. É a nossa forma de fazer um pouco de bem a esse planeta e as gerações futuras.
SAUDADES!
Morri de rir ao ler isso... é realmente a sua cara! TEnho que confessar que admiro isso em você. Estou longe de ser uma pessoa consuista, mas, por preguiça, muitas vezes acabo fazendo muito menos do que podia - Andrea
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