miércoles, 22 de abril de 2009

Semana Santa II

Voltamos então para a Semana Santa, ainda faltam várias cidades. 

Bom, combinamos de acordar na terça  bem cedinho porque teríamos que passar em Córdoba e queríamos chegar em Sevilla a tarde. Fomos dormir e encontro o Manu mexendo no micro procurando uns arquivos. E aí ele me mostra um filminho, desses do youtube, que tem um soldado tocando aquela música para levantar as tropas, mal tocado aliás, de corneta. Um horror. E ele falou que ia colocar para despertar. Moleque! E aí, ele acordou todo animado, abriu o notebook, colocou no corredor no volume mais alto possível e foi tomar banho. Realmente... o negócio era muito ruim e no fim, eu morri de rir. Só escutei a porta do quarto das visitas sendo aberta, uns grunhidos de reclamação... Eram 6:00 da manhã!

Primeira parada Córdoba,  província da Andaluzia, hoje com cerca de 300.000 habitantes mas no passado, chegou a ser uma capital romana, sendo depois dominada pelos mouros quando atingiu seu maior apogeu, chegando a ter 500.000 habitantes no séc X. Foi reconquistada em 1236 pelo rei católico Fernando. Sua maior atração é a Mesquita que reflete exatamente a história da cidade porque foi inicialmente, antes de cristo, uma igreja católica e pós dominação moura, iniciou-se a construção, durante dois séculos da mesquita. Pós reconquista, foi

construída, dentro da mesquita, uma grande catedral católica. A cidade é considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, tem um casco antigo, muitas lojinhas e restaurante. Almoçamos ali, em um pátio interno muito típico da Andaluzia,  geralmente com uma fonte, para refrescar no verão pois as temperaturas costumam ser bem altas.

Seguimos para Sevilla, capital da Andaluzia, chegamos no começo da tarde, o hotel era bom mas fora da cidade o que nos obrigou a nos locomover de ônibus e táxi. Na primeira vez que eu fui, ficamos num hostal no centro antigo que é uma delícia porque se faz tudo a pé. Dessa vez o hotel era melhor mas longe. Chegamos e já saímos, o Manu que dirigiu o tempo todo foi o mais animado para sair imediatamente.  

E lá fomos para ver as primeiras procissões. E não é que o 

negócio é bem diferente das nossas??!! Primeiro que é uma maratona, todo dia tem umas 7 ou 9 procissões, saindo cada uma de sua igreja mas passando pela Catedral de Sevilla, imagina a logística para que elas não se cruzem. E a quantidade de gente. Interessante que é bem familiar. Todo mundo leva as crianças, cadeiras, comida e bebida. E ficam ali, sentados, conversando, as vezes levantam acampamento e vão para outro lugar ver outra procissão. Fica um massa andando de um lado pro outro. Detalhes: todo mundo bem vestido, vários homens de terno e gravata, as crianças de camisa e sapato, meninas de vestido e cabelo arrumado, e quando passa a procissão todo mundo psiu, psiu... pedindo silêncio quando passa o Cristo e a Virgem. E fica o maior silêncio!


Toda procissão tem as suas imagens sagradas de Cristo e da Virgem que ficam em uma espécie de tablóide de madeira ricamente ornamentado e que são carregados por várias pessoas que ficam escondidas embaixo de uma grande cortina o que dá a impressão que as imagens flutuam. São grandes, devem ter mais de 6 metros, chegam a pesar uns 500 kgs. E passam lentamente.

Ponho aqui um vídeo que peguei rapidamente pelo youtube. Para vcs ouvirem um pouco das músicas e verem o ritmo das procissões.

As figuras cobertas são os Nazarenos, os chamados penitentes, vários ainda saem descalços o que deve ser bem difícil porque essas procissões podem durar até 10 horas.

Jantamos no bairro de Santa Cruz, com suas ruelas de pedra, cheia de restaurantes e bares.

Ficamos dois dias em Sevilla, muita coisa para ver mas a cidade estava bem cheia o que dificultava um pouco as coisas. Fomos no segundo dia visitar a Catedral de Sevilla, uma das maiores da Europa, linda e tem que subir até o alto da Giralda (a torre) que tem uma vista ótima,
sinos enormes e uma subida tranquila porque é de rampa, sem degraus. Quando descemos tinha fila para subir!  

Depois fomos no Él Alcázar (Palacio Real), do lado da catedral . Bem bonito também, lembra muito a Allambra em Granada, com seus jardins, fontes, gesso esculpido e paredes azulejos ricamente desenhados com formas geométricas ou aqueles desenhos do alfabeto deles. Dizem que a religião muçulmana proíbe a reprodução de formas humanas e de animais.  Sevilla fui durante muito tempo uma 
das maiores e mais ricas cidades do mundo, pois o descobrimento da América deu a cidade o monopólio do comércio com os novos territórios. Tudo passava por ali, e por isso foi um dos maiores portos da época. Detalhe: Sevilla não está na costa, mas tem o maior rio navegávelda Espanha, o Guadalquivir que desagua no Atlantico (uns 90kms). A importância da cidade era tanta que os reis católicos moravam em Sevilla e Cristovão Colombo foi enterrado ali, está dentro da Catedral.


Mas depois veio a peste de 1649, que matou quase metade da cidade e o início do assoreamento do rio que fez com que as atividades econômicas fossem transferidas para o porto de Cádiz, perdendo bastante de sua riqueza e influência. 

Sevilla é hoje a terra do flamenco, do gaspacho, do azeite, do Jerez, de Carmen, de uma tradição cultural imensa. Seus dois eventos mais importantes é a Semana Santa e a Féria de Abril (agora! estamos decidindo se vamos ou não).

E, como ninguém é de ferro, fomos almoçar num restaurente bem tradicional de Sevilla, chamado La Moneda, perto da catedral. O Manu "invitou" a todos e comemos divinamente! Invitar aqui na Espanha significa convidar alguém e pagar a conta. Diz a Déia, que conheceu uma espanhola que está morando no Brasil, sofreu muito no começo, porque ai no Brasil é diferente, a gente convida mas não paga! E ela sempre ia achando que ia comer na faixa e no final tinha que abrir a carteira!

Depois de mais umas procissões, umas torrijas e um "tapa" para esquentar o estômago, fomos dormir e partimos na manhã seguinte para Extremadura. Não sem antes conhecer o rio, a Torre de Oro, a Plaza de Espanha... tudo rapidinho pela manhã. E claro, o café da manhã, chocolate com churros, típico da Espanha e outras coisinhas, ne?

Tostada com tomate e azeite, bocadillo e suco de laranja. Aliás, a cidade está cheia de laranjeiras lindas, enormes e cheia de frutos.  

Próxima cidade! Next in line. Ufa! Esse ficou longo, sorry.


3 comentarios:

claudia dijo...

Quanta comida! Mas acho que nada melhor do que a comida para marcar as diferencas entre as culturas ne? Afinal a gente faz de 4 a 6 refeicoes por dia, ou seja, ta bem presente. Quanta historia tambem ! Nao deixo de sentir calafrios ao ver as procissoes, acho que na europa o catolicismo para mim esta muito proximo do lado escuro da igreja, com muita coisa pesada, perseguicao, ignorancia...E muito desse catolicismo esta aqui na Argentina, heranca dos espanhois... O povo aqui eh religioso de uma maneira ...ruim. Sei la, meio burra. Sem questionar, tipo a igreja tem poder para fazer o que quer, o povo obedece, uma coisa muito antiquada (tipo Sao Miguel Arcanjo no Brasil, onde vivi meus primeiros 5 anos). Aqui tem greve de transito - vai la o Bispo se pronunciar e dar paupite. Vai subir a taxa de juros, la se vao os politicos pedir uma reuniao com a igreja... Eh mole? Para mim, nada a ver com religiao. Mas voltando a espanha...que lugar lindo....

claudia dijo...

Ui, palpite nao eh com "u" nao....sorry! coisas de expatriada.

judit kong dijo...

Nossa, Clau

não sabia que a igreja era tão influente ai. Aqui o país é bem católico mas não vejo a igreja metida em política não.

Sabe que eu também achei esses procissões um pouco pesadas? Eu levei o maior susto quando vi os nazarenos, achei bem sinistro. A Déia coitada, não parava de repetir "nossa, parece Ku Klux Klan"...

Eu tentei ver tudo como festa religiosa e cultural. Festa! Para ir ver e ir embora.

Bjos, saudades (com u mesmo)!