martes, 10 de marzo de 2009

Buitrago de Lozoya.

Sábado finalmente fomos ao chalé do Manu. Desde dezembro que não fomos mais porque quebrou a caldeira do aquecedor. E a mulher do encanador estava para dar à luz e ele só viria depois disso, ou depois do Dia dos Reis. Portanto, finalmente chegou o dia do encanador nos honrar com a sua visita, 7 de março!

Chegamos e na casa fazia 6 graus, dava para soltar fumaça pela boca. E isso porque aqui em Madrid já está fazendo 20 graus. Depois de um tempinho esperando, outro tempinho dele consertando, finalmente ouvi o glorioso (e alto) barulho da caldeira funcionando.

Saímos e fomos aproveitar o sábado. Tem tanto pueblo (cidadezinha) aqui na Espanha que é uma graça! Bom para parar, andar um pouco, comer bem (pena que as vezes é caro) e continuar o caminho. Fomos para Riaza onde pela primeira vez vi uma "pasteleria", a nossa doceria com café. Geralmente é só um bar que oferece café ou uma panaderia (padaria) para comprar e levar, os dois juntos é mais difícil de encontrar. Então fomos almoçar e na volta passamos lá mas infelizmente encontramos a porta fechada. Fecha entre 14:00 e 17:00, como é costume em muitos lugares na Espanha, inclusive em alguns lugares em Madrid.

Cinco horas depois, fazia 11 graus na casa. Not bad at all. E foi lentamente subindo. Como já estava me acostumando com o iglu, aquilo estava parecendo um luxo.

No domingo, passamo a manhã cuidando da casa, ainda tem muita coisa para fazer, colocar os lustres, espelhos, montar as camas... e por ai vai. 

Mas fazia um sol maravilhoso, e um dia absolutamente lindo. Fiquei sentada, sentindo o sol na pele, ouvindo os passarinhos, vendo o céu azul e pensando em como amo o calor. E fui lembrando dos churrascos no Brasil. Na casa da Alezinha no Acapulco, na casa da Karen em Bertiogo, ali na Claue m Indaiatuba... tantos momentos bons.

E fiquei olhando o quintal, que agora é um monte de mato com restos da construção. O Manu fez o desenho para poder pedir o orçamento para limpar e colocar grama assim como o local da churrasqueira, dessas fixas. Tomei uma decisão e chamei o Manu. 

Estava preparada para usar todas as táticas aprendidas na aula de Estratégia da GV, toda a experiência de anos na IBM, todo o meu poder de persuasão, enfim estava disposta até a usar as lágrimas, de tristeza verdadeira em caso negativo.

Eu quero uma churrasqueira portátil, dessas pequenas mesmo para poder usar já. Não tenho a menor paciência de esperar fazerem uma ( ainda mais que as lojas aqui não abrem no domingo e fecham a tarde o que significa que vai ser difícil para o Manu ir lá ver). E para completar, o chalé fica no meio do nada, então a entrega também é difícil, quando entregam. Afinal, nem o encanador em época de crise parecia muito entusiasmado.

Sinto falta do ritual. De por havaiana. De por short e camiseta. De beber cerveja estupidamente gelada, de fazer caipirinha, de beber caipirinha. Dos homens preparando o churrasco enquanto as mulheres fazem salada, maionese, suco, farofa e salada de frutas (todas aquelas coisas que os homens não comem). E de passar horas tranquilas, ouvindo música, conversando, comendo, bebendo. Quantos prazeres juntos!

O Manu gostou da idéia. :) Oba, vai rolar churrasquinho no domingo!

Minha irmã uma vez disse que eu sempre faço o que quero. Isso 
vindo da família dá um tom de rebeldia. Nunca me considerei rebelde. Mas como considero tudo o que me falam, hoje penso duas vezes antes de bater  pé. Me pergunto se estou exagerando ou é legítimo. 

Mas se as lágrimas não funcionassem, que ele ia ganhar uma churrasqueira ia! E que o Manu só leia isso depois de comprarmos a dita cuja.

E rapidinho, para fechar, fomos embora e no caminho paramos para almoçar em um pueblo chamado Buitrago de Lozoya, nem havíamos planejado. Vimos na estrada e resolvemos parar.  Um casco antigo pe
queno, a estrutura de uma muralha rodeando a cidade, uma igreja bonita por fora, mas feinha por dentro e todo mundo sentado nas mesas (que aqui chamam de terrazas) aproveitando o sol.  E eu de camiseta! A primeira vez desde que cheguei aqui.

Aprendi a apreciar as estações. 


Olha a vista do pueblo, com as montanhas ainda com neve no fundo.


Buitrago tem uma história interessante. Tem o Museo Picasso, com obras doadas pelo barbeiro do Picasso, Eugenio Arias. Eles se conheceram na França, Picasso ia lá habitualmente e se tornaram amigos e companheiros. Durante 26 anos, Picasso foi dando obras de presente para Eugenio Arias. Ele nunca vendeu nada, doou todas as peças para Buitrago, seu pueblo natal. Eugenio era de família simples, quase não estudou e foi trabalhar, fugiu da Espanha, como muitos outros durante o período de Franco. Picasso já era famoso quando se conheceram. Podia ter sido milionário mas optou por doar a coleção. Faleceu o ano passado.



 

2 comentarios:

claudia dijo...

Ju, tem outro motivo para ter uma portatil e uma fixa - coisa de argentino : quando for fazer churrasco para muita gente eles usam a portatil para fazer mais carvao (ou colocar os chorizos/linguicas e paes) e depois passar para a maior. OU seja, compra a pequena e depois com tempo faz a fixa - a pequena nao vai ficar sem uso!
Quem sabe na comemoracao dos nosso 40 nao fazemos um churrasquinho ai ? Em tempo - que lugar lindo...
voce esta abencoada.

judit kong dijo...

Clau,

adorei a dica, vou contar pro Manu! Mais um argumento. Até porque o irmão dele tem um chalé exatamente do lado. E ai a família fica bem grande pro churrasco!

Lindo o lugar né? Íamos parar em algum lugar para almoçar, quando vi a placa. O nome me pareceu familiar mas não sabia porque. Depois que vi, eu havia lido da doação mas só lembrei mesmo quando vi.

Realmente me sinto abençoada. E agradeço aos deuses.

Bjos,