domingo, 15 de marzo de 2009

Food for thoughts

Semana passada recebi um email do meu sobrinho Lucas. 

Foi com ele que descobri que a expressão injeção na testa existe de verdade. Ele contraiu meningite quando nasceu e é assim que aplicam remédios em bebês. Que coisa mais doida ver um ser minúsculo, recém-nascido, receber injeção dessa forma. Graças aos deuses e anjos, ele se recuperou totalmente e nunca teve resquício disso.

Mas apesar de ter sido um bebê lindo, sempre com um dedinho cumprido apontando para as coisas, eu nunca dei presentes pro Lucas. No máximo comprei uns livros porque ele gosta de ler. É que eu sou meio contra esse monte de brinquedos que as crianças ganham hoje. Acho difícil entender como elas podem valorizar tudo. E como se gasta dinheiro comprando presentes e mais presentes ou  as famosas lembrancinhas.

Minha mãe sempre reclamou que as crianças de hoje ganham muita coisa e adora falar que ela criou 6 filhos sem nada disso e que no máximo tínhamos panelas e tampas para brincar.

Sou testemunha! Talvez por isso que eu lembro bem de uma boneca Susi, que vinha com uma bicicleta, que nos foi dada pelo nosso avô. Sucesso total. E eu lembro bem também de uma companheira de infância, uma boneca de pano branco com bolinhas verdes que chamava Samanta (alguém lembra da Feiticeira?), que dormia numa caixa de pêssegos, feita por uma empregada de casa com um pano antigo que tinha no armário. 

Resolvi que gostaria de dar algo mais útil, afinal eu adoro presentes úteis. Ele tem o direito de escolher uma viagem internacional. Podia ser para Disney mas minha irmã optou por uma viagem de intercâmbio. Bom, ele já tá quase virando adulto e ainda não tive o prazer de dar esse presente. 

Quando vim para Madrid, no meu movimento de dar as coisas, dei para ele a minha mochila e todos os apetrechos (isolante, saco de dormir, canivete, lanterna, bússola) que usei no Caminho de Santiago. Colei um post it: Viajar é Viver.

Em 2007 resolvi fazer um teste. Mentoring. Conversei com ele e perguntei se ele gostaria que eu trocasse um pouco de experiência com ele. Mas nada de tia para sobrinho, ou coisa chata, feita por obrigação. Eu acho o Lu super sensível e inteligente, maduro o suficiente para entender isso. Ele topou então começamos marcando uma hora por mês. Eu o pegava na estação de trem (parte da minha família ainda mora em Osasco) e íamos a um café. E eu passava textos ou livros ou filmes que eu considero interessantes e discutíamos depois. E eu o ouvia também, ele me contava situações cotidianas da escola, da casa, da família.

O primeiro texto que passei para ele foi o maravilhoso What it takes to be great, se tiverem um tempo, leiam esse texto. Ele é magnífico. Eu deveria dedicar um posting para ele. Mas vou fazer uma analogia simples para resumir o texto. Disseram para o Tiger Woods que deveria ser maravilhoso nascer com um talento tão grande. E ele respondeu que quanto mais treina mais talento ele tem. 

Eu acho que é por ai. Talvez o texto exagere um pouco ao afirmar que talento não existe e que tudo é resultado de "hard work"(adoro essa expressão). Treinamento, esforço, trabalho duro. Mas que tem um fundo enorme de verdade tem e eu creio muito nisso. Se vc quer algo, tem que trabalhar para conseguir isso. Eu pautei muito da minha vida nisso. Hoje tento achar um equílibro mas tudo que tenho venho de esforço, dedicação e trabalho duro, repito. E não tenho dúvidas que vai ter muito suor no meu novo caminho. Mas com mais prazer dessa vez. 

Quem me passou esse texto foi o querido Rubão (Rubense) da IBM. Grande companheiro, respeitável e querido colega de trabalho. Com certeza é o tipo de ser humano que torna a IBM uma empresa mais íntegra, mais inteligente, mais divertida e boa de se trabalhar.

Mas a idéia do mentoring veio de um programa que a HP tem de mentorização que me foi mencionado pela querida amiga Marcia. Os funcionários da HP mentorizam crianças de escolas públicas. Achei a idéia o máximo. Adoraria fazer isso, ajudar crianças mais humildes a encontrarem um caminho.  Acho que sou até um bom exemplo para elas. 

Infelizmente, por todas as mudanças que tive no ano passado, que se iniciaram em 2007, não pude continuar com as sessões. 

Lu querido, espero que tenha sido de alguma ajuda. E vc ainda têm o seu crédito. Quando vc quiser.
 

2 comentarios:

claudia dijo...

Snif, eu queria ter uma tia como voce Ju ! E um mentor como o seu. Nunca tive mentor, eh triste, tem muitos momentos na vida que a gente precisa de ajuda para ver a floresta e tomar melhores decisoes...Voce tem sorte! (e o seu sobrinho tbem !!)
Beijos!

judit kong dijo...

Na verdade eu também nunca tive um mentor e realmente teria sido muito legal ter um. A IBM sempre teve isso como um programa oficial mas eu acabei nunca entrando. Bobeira minha.

Mas realmente sinto falta de um para a VIDA no geral.

Bjos!