lunes, 10 de agosto de 2009

Vento de mudança

Quem viu Chocolate, o filme? Com  Juliette Binoche e o Johnny Deep. Foi filmado numa cidadezinha francesa chamada Flavigny,  Borgonha. Dizem que não se produz chocolate lá, mas sim uma balinha  de anis famosa na França inteira, o Anis de Flavigny, produzido desde 1650, inicialmente numa antiga abadia.

Eu não conheço a cidade, dizem que é pequena, quase uma vila medieval motivo porque ela foi escolhida para o filme. Mas também por causa do vento que bate lá.

Lembram do vento? Eu lembro. Quando vi a personagem da Juliette,  ouvindo o vento e arrumando as malas para partir novamente, lembro de saber exatamente o que aquilo significava. Hora de ir embora, hora de mudar. Chamem de fuga, chamem de crescimento, chamem de etapa concluída, chamem do que quiserem. Talvez seja cada uma dessas coisas em seu devido momento.

Eu ás vezes sinto isso. Metaforicamente sinto que bate um vento e que é hora de mudar. De seguir outro rumo. E eu arrumo as coisas e vou.

Já fiz algumas mudanças na minha vida, de trabalho, de casa, de cidade, de carreira, de amores.  E quando estava em Madrid, senti o vento novamente. Eu teria que voltar de qualquer forma para Sampa para legalizar a situação. Mas eu não podia ignorar o vento.

E ele me trouxe para cá, para Califórnia. Decidi que não vou voltar para Madrid. Fui absolutamente feliz lá, creio que realmente é uma cidade ótima para se viver e ter família. Mas eu não fui para Madrid por causa  da cidade e da qualidade de vida de lá. Eu fui viver um amor.

Sempre lembro de uma frase que um amigo em comum me falou: que amor de verdade é aquele que vc descobre do seu lado, naquele com quem vc conversa, divide as coisas e abre o coração.  Amizade que vira amor. Ou amor que é amizade. Eu conheço o Manu desde 2003, pessoa querida, um dos melhores seres humanos que conheço, de coração grande, íntegro, querido mesmo. Ficamos juntos em 2007 e não dá para namorar a distância, não para mim, pelo menos.  Eu fui ver se amizade vira amor, se amor e amizade se integram.

Pelo menos para nós isso não aconteceu. E eu descobri que não posso casar com um amigo. Por melhor que fossem as condições, por melhor que fosse a amizade, por melhor que fosse a história para se contada.

Como não vivo para contar historias bonitas, resolvi não insistir. E, nesse caso, amizade continua amizade.

Não foi uma decisao fácil, dói. Dói muito. É um sofrimento que te golpeia o coração. E nesse caso, pelo menos para mim, dói também porque sei  que causo sofrimento. Mas realmente creio, e rezo, para que seja o melhor para nós dois.

E agradeço de coração, tudo o que vivi nesses meses em Madri.

E sigo o vento. Que não sei para aonde mais me leva.

4 comentarios:

Karen's updates dijo...

Que lindo. Mas na realidade, o vento sopra para muitos, para todos. Poucos sabem parar para ouvir as palavras que ele carrega... E nao saber onde o vento te leva te deixa com apenas uma opcao: aproveitar a viagem...
Como assim, nao nasceu para escrever historias bonitas? Sua historia eh linda, eh unica - porque eh honesta.
Beijos, com amor,
K
"Livre arbitrio eh fazer o que se tem que fazer" (Carl Jung)

judit kong dijo...

Obrigada, mana.

Vc tem toda razão, só me resta aproveitar a viagem. E essa talvez seja a mais longa que comecei.

Bjos, amor e saudades

claudia dijo...

Vento eh como agua - movimento. Movimenta a roda da vida. Tem que se entregar e ver onde vai levar! Lembra daquela frase "running into something and not from something"?

judit kong dijo...

Claro que lembro! Desde que vc me falou, isso nunca saiu da minha cabeça. Sempre me faço essa pergunta. Hoje, fico feliz em saber que não estou fugindo de nada. Só seguindo o vento, vendo para onde a roda da vida me leva mesmo.

Bjocas