martes, 24 de febrero de 2009

Un franco, 14 pesetas

Domingo vimos um filme na tv que eu amei. Eu adoro o chamado filme estrangeiro e sempre lembro de um amigo mexicano, da época da IBM, que dizia que o cinema para ele era "uma janela para o mundo ". Nunca esqueci, acho que essa frase tem uma beleza bem feliz.

Esse filme espanhol, "un franco, 14 pesetas" é de 2006 e conta a história de dois imigrantes espanhois que em 1960 vão tentar a vida na Suiça. Mostra os contrastes entre a vida pobre, de um país europeu atrasado, com a vida em um país mais desenvolvido.

A Espanha mudou muito e mais para frente vou me dedicar a falar um pouco mais da Espanha e menos de mim (prometo!). Mas a Espanha sofreu uma guerra civil e logo depois veio a ditadura de Franco, que foi até 1975. Isso isolou o país, transformando-o num país pobre e atrasado. 

O filme mostra a falta de emprego e o atraso. Em uma cena, os protagonistas estão no banheiro da pousada na Suiça e um deles mostra o papel higiênico para o amigo. E o amigo pergunta para que serve aquilo. Depois da explicação, ele pergunta "então para que serve o jornal aqui?"

Eu adorei. E adorei também porque no final, tem uma conversa que diz que um imigrante não tem mais um lar. Será sempre um estrangeiro no país que escolheu e não se sente mais parte do país de onde nasceu, não consegue mais se adaptar. Acho que é o sentimento de muito imigrante, de não ser mais filho natural de nenhum dos lados.

Recomendo!

5 comentarios:

Karen's updates dijo...

Ju,
adorei saber deste filme, vou procurar. Com relação ao comentário final, é bem verdade: você já se sente assim, depois de 2 meses na Espanha? Isso porque você nem voltou para o Brasil ainda depois de uma longa temporada - faz quase dois anos que não vou "para casa" - e embora não tenha a menor idéia de como vou me sentir quando estiver por lá, continuo chamando de "casa", em qualquer idioma. Não importa quanto tempo eu esteja longe nem se não tenho nada em comum com o país – é ali que está - e provavelmente sempre estará - meu porto seguro.
Aprendi que distância não diminui meu amor por ninguém. Pelo contrário: revela-se onde é realmente verdadeiro e ali se mostra ainda mais fortalecido. A adaptação é secundária.
Beijos saudosos

claudia dijo...

Chiii (em puro caipires). Eh tao dificil esse lance de nacionalidade ne ? Vejo pelo Marcelo. Argentino. Ficou 5 anos nos USA, 4 no Brasil e agora voltou para ca. Uma parte dele ja nao se sente muito argentina. Fala como gringo. "Puteia" com tudo o que tem de errado do pais. Acho que que quando a gente conhece outros lugares e vive uma outra realidade perdemos um pouco do bairrismo - "eu sou isto" e "voce eh aquilo". Ficamos maiores, se eh que me entendem, sem fronteiras. Cuidamos bem do lugar onde a gente esta, sem importar se eh outro pais ou nao. Nao sei se fiquei sem nacionalidade, mas sinto que o Brasil para mim virou algo como uma cafeteria/livraria preferida - aquela que voce conhece todas as estantes, onde estao os livros, as pessoas que te trazem o cafe e onde passei tantos momentos lindos. Meio louco nao?

judit kong dijo...

Manitas,

que coisas lindas vcs escreveram. Hoje eu escrevo também só para ver o que vcs vão responder.

Eu tenho minha filosofia de vida, aproveitar o que temos e viver bem. Sim, faz só 2 meses que eu sai do Brasil mas eu acho que sei o que vou sentir qdo voltar. Sei que vou chorar de ver algumas pessoas, de comer em alguns lugares, de saborear alguns pratos... E vou olhar as outras coisas entre um misto de nossa, esse caos ainda existe, outras coisas não vão ser mais legais. Enfim mudamos a cada minuto, impossível sentir as mesmas coisas.

É mais fácil quando saímos para algo melhor. Sei porque sai de Osasco. Sei o que sinto toda vez que volto lá.

Mas Sampa para mim foi descoberta, foi conquista, foi vida no sentido mais forte. Vai ter sempre seu lugar no coração mas a Clau tocou num ponto importante, as fronteiras se abrem. Vc aprende a amar outras coisas.

E que a gente possa sempre amar mais. Mais coisas, mais gente, mais sabores, mais lugares.

Bjos

Karen's updates dijo...

Assim como violência gera violência, beleza inspira beleza. Tanta coisa que eu poderia dizer sobre ser do mundo e não pertencer ao mundo - há uma frase atribuída a Charles Chaplin que diz que ele não se sentia cidadão de nenhum lugar em especial, mas sim um cidadão do mundo. A beleza está na nossa capacidade de adaptação e na capacidade de criar um "país" seu, melhor, com o que há de melhor nos diferentes lugares por onde passamos.
Adorei a definição da Clau - fiquei pensando que livro eu seria em uma das suas estantes...
beijos made in Nepal,
Ka

Unknown dijo...

oi ju, oi meninas " estrangeiras".
Eu tenho que concordar com a tua ultima frase. E exatamente assim que eu me sinto aqui, nunca serei americana, nem se eu for cidada. A minha casa sera sempre Sao Paulo. Eh dificil...as vezes penso em voltar para o Brasil, mas nao sei se me readaptaria.
beijinhos
Patty